segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Estudo da UFMG revela que o Brasil muda, Minas não.

Os dados são claros: aumento da participação do setor de metalurgia e siderurgia no PIB estadual, redução do crescimento em relação a taxas nacionais e aumento da desigualdade intrarregional.


Formado por cerca de 300 mil equações e indicadores macroeconômicos – PIB, consumo das famílias e do governo, investimento e exportações –, o estudo decompôs um cenário macroeconômico para o país nos seus setores e regiões (estados e municípios) no período de 2010 a 2025. Além desses dados, informações sobre impactos de alterações tecnológicas e tendências regionais e setoriais de deslocamento do investimento foram inseridas no modelo.
“Os resultados decorrem do cenário macroeconômico e da atual estrutura produtiva da economia do estado, que tende a se concentrar no setor extrativo e mínero-metalúrgico”, explica Edson Domingues, professor da Faculdade de Ciências Econômicas e um dos autores da pesquisa. As projeções foram produzidas por meio de duas ferramentas econômicas de simulação, a metodologia conhecida como Equilíbrio Geral Computável (EGC) e o modelo de consistência macroeconômica.


O país muda, mostram os indicadores projetados. A partir de 2012 e até o final do período analisado, inicia-se fase de crescimento sustentado do PIB a uma taxa de 4,5%. A grande alteração, no entanto, é expressa pelo consumo interno, que vai impulsionar a economia, representando mais de 60% de toda a renda nacional e com taxas de crescimento bastante expressivas.


O fenômeno poderá propiciar ao país maior independência em relação ao mercado externo, pois seu desenvolvimento estará menos atrelado ao comportamento das exportações – que tendem a crescer menos a partir de 2015, ainda que iniciem a atual década extremamente aquecidas, com aumento de 11,53% em 2010.


As projeções para Minas são outras. “O estado reduz sua participação de 9,1% para 8,5% na economia nacional, recuo de 0,6 ponto percentual no PIB”, projetam os pesquisadores. Além disso, após 2015, com a desaceleração das exportações, o peso da demanda interna torna-se maior, o que produz redução do seu crescimento (3,75% ao ano).


Outra novidade apresentada pela pesquisa advém de mudança na participação das regiões Norte e Centro-Oeste na composição do PIB nacional. “A região Norte apresenta o maior crescimento médio no período (5,05% ao ano) e ganho de participação (0,6 pontos percentuais) no PIB nacional. Também a região Centro-Oeste cresce acima da média nacional e obtém ganho ao final do cenário (1,1 pontos percentuais)”, registram os autores. De acordo com eles, os resultados refletem a expansão de infraestrutura no Norte (hidrelétricas) e da fronteira agrícola no Centro-Oeste.


Em Minas o cenário aponta uma ampliação da desigualdade intrarregional no estado. Para os estudiosos, ela é confirmada com o ganho da microrregião de Belo Horizonte no PIB estadual (55%, em 2007, e 57,4%, em 2025) e a perda de participação de regiões do Vale do Jequitinhonha (0,8% e 0,7%, no mesmo período), Norte e Noroeste de Minas. Devido à queda das exportações, a tendência de maior crescimento é observada na região do Triângulo, cuja economia é mais diversificada e voltada ao mercado interno.


Outras duas regiões, Sul e Nordeste, devem crescer abaixo da média nacional, com perda na participação do PIB (-0,9 e -1,1 pontos percentuais, respectivamente). Quanto ao Sudeste, projeta-se pequeno ganho na composição do PIB (0,3 pontos percentuais). A se confirmarem esses indicadores, o Brasil verá ligeiramente reduzida a desigualdade entre suas macrorregiões.
Segundo Edson Domingues, o fenômeno também decorreria do cenário macroeconômico, com o menor dinamismo das exportações no final do período de projeção. Assim, regiões mais dependentes de saldos de exportações reduziriam sua participação no crescimento do país, abrindo espaço a outras baseadas em dinâmicas diversas.


Dados do Artigo: Cenário macroeconômico para a economia brasileira 2010-2025: repercussões no estado de Minas Gerais e seus municípios - Autores: Edson Domingues, Marco Flavio da Cunha Resende (professores), Aline Souza Magalhães e Admir Antonio Betarelli Junior (doutorandos), do Cedeplar/Face


Fontes: Vermelho.org e UFMG

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