quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Trabalhadores do setor privado de ensino lançam campanha unificada

A Federação Interestadual dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Fitee) lança neste mês a campanha unificada pela valorização dos professores e auxiliares de administração escolar do setor privado.

O lançamento será neste sábado (10/12), como parte da programação do 18º Consind (Conselho Sindical da Fitee), evento realizado hoje e amanhã, na sede do Sinpro Minas, em Belo Horizonte, com o seguinte tema: A educação necessária para um novo projeto nacional de desenvolvimento.

A campanha, com o slogan Valorização começa com ganho real, traz peças publicitárias (cartazes, adesivos e folders) e um vídeo de 15 segundos (confira abaixo).





O objetivo da campanha é reunir os sindicatos filiados à Fitee (Sinpro Minas, Sinpro/ES, Saae/MG, Saae/ES e Sinaae/JF) para fortalecer a mobilização, em 2012, por melhores salários e condições de trabalho.

“As ações conjuntas entre professores e auxiliares de administração escolar do setor privado de ensino visam fortalecer as lutas que normalmente são travadas com os mesmos patrões, porém de forma isolada. Com o foco na ampliação do poder de compra dos salários como o primeiro passo para a valorização dos trabalhadores na educação privada, a campanha unificada alcançará melhores resultados, com benefícios para todos”, afirmam as entidades, no folder de divulgação da campanha.

Confira abaixo a entrevista do presidente da Fitee, Edson de Paula, ao Extra-Classe, o programa de TV do Sinpro Minas, exibido todos os domingos, às 8h50, na Band Minas.




quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sinpro Minas promove debate sobre Educação em Poços de Caldas

No último sábado (3/12), foi realizado um debate na Câmara Municipal de Poços de Caldas para tratar do Plano Nacional da Educação (PNE). Entre os expositores, estava o professor Gilson Reis, presidente do Sinpro Minas e da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras de Minas Gerais (CTB/MG). A professora Rosimar Prado, do SindUTE/MG e o professor de Filosofia do Direito, Aristides Ribas, foram os outros palestrantes do evento.

Apesar da importância do assunto a baixa frequência do público e a ausência de representantes do Legislativo e do Executivo foi percebida. O objetivo do encontro foi de unificar os trabalhadores da educação em torno das bandeiras do PNE e da luta por um Sistema Nacional Articulado. Ao final, houve um debate e levantamento de propostas de ações na luta por uma educação de qualidade.

O professor Yuri Almeida, que toma posse em janeiro no Sinpro de Poços de Caldas, diz que este foi o primeiro de muitos eventos que acontecerão. A atividade é uma promoção conjunta do Sinpro Minas com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE), Sindicato dos Auxiliares em Administração Escolar (SAAEMG), Sindicato dos Servidores Públicos de Poços de Caldas (Sindserv) e o Pré-vestibular comunitário Educafro.

O Pensa Poços ouviu o professor Gilson Reis.

Confira a seguir a entrevista:

Pensa Poços – O problema da educação hoje é privilégio só de Minas Gerais ou você está vendo este problema permear o Brasil como um todo?

Gilson Reis: Nós vivemos um desafio no Brasil de recolocar a educação como prioridade e colocá-la em outro patamar. Penso que o problema da educação no Brasil é um problema em todos os lugares. Envolve desde a estrutura da escola, o projeto pedagógico, o investimento na educação, valorização dos profissionais, até passando por um projeto mais estratégico do que representaria a educação neste contexto histórico que nós estamos vivendo.

Gilson Reis: "Não é simplesmente a educação formal; É a educação como elemento estruturante da economia brasileira, do desenvolvimento nacional e da perspectiva da retomada de um outro projeto de Nação."

O Plano Nacional da Educação tem um corte histórico no sentido de discutir e debater que a educação deva ocupar um espaço privilegiado na sociedade brasileira para construir as condições estruturais, as condições de formação da sociedade brasileira para que a gente possa dar um salto de qualidade que o Brasil tem que apresentar.

O Brasil pode se transformar na quarta, quinta maior nação do mundo. Para podermos superar nossa condição nós precisaríamos ter um investimento maciço em educação, como fizeram Japão, Coréia, os países europeus, a China. Além do investimento tem o projeto pedagógico, o projeto estruturante da educação para que a gente possa então, nestas duas a três décadas, colocar nosso país em outras condições.

Este é o tema: Não é simplesmente a educação formal; É a educação como elemento estruturante da economia brasileira, do desenvolvimento nacional e da perspectiva da retomada de um outro projeto de Nação.

PP: Quando você fala em educação formal, onde que você quer chegar com isso?

Gilson: É o ensino básico, por exemplo, é um direito das pessoas terem acesso à educação infantil, fundamental e médio, acesso a ensino superior… O Brasil ainda tem um nível muito baixo ainda de acesso ao ensino superior. Só para a gente ter uma ideia, a China agora tem duzentas e cinqüenta milhões de pessoas no ensino superior, então isso é mais do que a população do Brasil. Um país desses que vai retomando o processo histórico de crescimentos é porque desenvolvem uma educação de qualidade e um projeto estratégico para o país. Essa é uma questão fundamental para nossa nação brasileira.

PP: A medição de forças entre prefeito, governador e governo federal afeta a educação. Você acha que resolve com protesto, com política ou a gente precisa de fato de dinheiro?

Gilson: A proposta do PNE ela é Sistema Nacional de Educação Articulada, é um sistema onde o prefeito, o governador e o presidente da república, os três entes federados, eles assumam suas responsabilidades, tanto na questão do investimento, da estrutura e das condições gerais de educação. E ele é articulado porque ele pega o setor público e setor privado num único projeto estruturante para a educação do país.

A proposta inicial que aprovamos na Conferência Nacional de Educação tem esse conteúdo, de deixar de ser educações fragmentadas, separadas, o projeto pedagógico do município, estado e União, se transformar num único projeto nacional. Isso é o elemento central do Plano Nacional de Educação, de criar sinergia, criar um processo onde que todos tenham responsabilidade, tanto público como privado, e de ter um objeto de ter uma formação superior em nosso país, uma formação de qualidade. A responsabilidade não pode ser do prefeito, nem vereador, nem governador… Tem que ser da sociedade e é lógico, responsabilizando também estes entes federados. E como você disse, o principal de todos, é a questão do investimento. Nós não podemos pensar na educação de qualidade se não tiver dinheiro, não tiver financiamento para poder estruturar esta educação nessa qualidade que precisamos fazer para o nosso país.

PP: Estas discussões vocês estão promovendo somente em Poços de Caldas ou estão fazendo também em outras cidades?

Gilson: Nós estamos realizando este debate no Estado todo, fizemos dezenas de discussões, temos um movimento que chama PNE pra valer, é um movimento nacional que levamos o debate para todo o país porque há um ano este projeto está na Câmara Federal e não avança, foi constituída uma Comissão que não apresentou o relatório nem levou em consideração inclusive as decisões da Conferência Nacional de Educação, então nós achamos que a sociedade brasileira precisa se mobilizar no sentido de discutir o Plano e colocá-lo em evidência em todo o país, e o mais grave é que hoje nós estamos sentindo que o setor privado de educação quer se apoderar desta discussão para poder abocanhar parte da fatia do dinheiro público para poder financiar a educação privada, além de não ter um debate aprofundado com a sociedade, há setores que, de forma esperta, utilizam o processo para poder transferir recursos públicos para a iniciativa privada. Além de se caminhar para não resolver o problema da educação, pode ser que se consiga piorar a educação no país.

Fonte: www.pensapocos.com



Programa de TV do Sindicato dos Professores debate o papel da mídia

O papel da mídia na construção da sociedade está em debate na edição 183 do programa Extra-Classe. A equipe do Sinpro participou do 17º curso anual do Núcleo Piratininga de Comunicação e entrevistou jornalistas e sindicalistas, brasileiros e estrangeiros. Com o tema Comunicação e Hegemonia num mundo em ebulição, o evento também foi uma oportunidade para a troca de experiências entre os participantes.

Assista:

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A educação, o céu e o inferno

Artigo publicado na coluna do jornalista Eduardo Costa

Nesta semana, vivi de perto dois momentos que mostram ângulos absolutamente contrastantes em relação à realidade e, principalmente, ao futuro do aprendizado no país.

Em São João do Manhuaçu, modesta cidade de dez mil habitantes no Vale do Rio Doce, resultados surpreendentes de um esforço conjunto de agentes políticos, professores, alunos e pais dentro de um projeto da Conspiração Mineira pela Educação – movimento que reúne pessoas bem sucedidas e dispostas a ajudar.

Lá, o crescimento de meninos e meninas é visível, emocionante e pode ser comprovado pelos números do IDEB – Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico do Ministério da Educação que já ultrapassaram a média nacional e poderão alcançar ainda esse ano a meta do governo federal para 2015. Amanhã, você vai conferir essa revolução do bem nas páginas do Hoje em Dia.

Mas, como a vida não é feita só de flores, também nesta semana eu vi de perto o quanto o poder oprime, manipula, silencia, compra, humilha, massacra. Não discuto detalhes do projeto apresentado pelo governo porque ali estão minúcias que só os técnicos ousam interpretar.

No entanto, apenas um exemplo, dado pelo próprio governo, permite-me afirmar a completa falta de compromisso do Estado para com o futuro da educação. Diz o governo que uma professora, hoje com 27 anos de efetivo exercício em sala de aula, vai ganhar, em 2015, pouco mais de R$ 2.100,00. Ora, então, daqui a quatro anos, quando contar mais de 31 anos de profissão, uma professora vai ganhar menos do que se paga hoje a um agente de polícia recém concursado.

Não é que este ganha muito, ao contrário; o problema é que não dá para defender ou sequer aceitar essa remuneração para quem cuida do futuro do país. Isso sem falar que as lideranças dos professores foram enganadas para por fim aos 112 dias de greve, a comissão prometida nunca decidiu nada, a Assembléia mais uma vez se comportou como casa de ratificação do que quer o Palácio da Liberdade e nós, jornalistas, não gritamos a plenos pulmões a pergunta que não deixará nossa consciência em paz nas festas de fim de ano: será que existirá professor na sala de aula quando nossos netos vierem?

Ah, outra pergunta: será que, com o comportamento submisso e indecente de câmaras municipais, assembléias legislativas e congresso nacional, de trocar verbas e reeleição pelo que quer o dono da caneta, o chefe do executivo, a gente tem Democracia de verdade?

Folha desmonta marketing de Aécio na Folha


Começo a achar que o senador Aécio Neves não fez um bom negócio ao aceitar o convite para escrever às segundas-feiras na página 2 da Folha de S.Paulo. Por um lado, trata-se de um espaço nobre, de grande visibilidade, uma chance para Aécio se fazer ouvir em todo o país. Mas pode também se tornar uma armadilha.

No dia 5 de setembro, no artigo intitulado Inovação, Aécio escreveu:

“Um Steve Jobs não brota por geração espontânea. Ele floresce num caldo de cultura em que a educação é valorizada e o talento, reconhecido.”

“O mundo se dividirá cada vez mais entre os países que investem com seriedade em educação, pesquisa e tecnologia e os que não o fazem.”

Hoje, a mesma Folha traz a seguinte manchete: 17 Estados descumprem lei salarial de professor. Dentro do jornal, a matéria leva o título Minas, Bahia, Pará e Rio Grande do Sul estão totalmente fora de normas.

A Folha informa que, em Minas, Estado governado por Aécio por quase oito anos (2003-2010) e onde ele ainda dá as cartas, o piso salarial dos professores da rede estadual equivale a vergonhosos R$ 616, praticamente a metade do que manda a lei (R$ 1.187 por 40 horas semanais).

O piso salarial de Minas é o mais baixo do país, mesmo comparado com Estados bem menos aquinhoados, como Amazonas (R$ 1.338), Amapá (R$ 2.171), Acre (R$ 1.187), Sergipe (R$ 1.187) e Alagoas (R$ 1.187).

O marketing de Aécio na Folha foi desmontado pela própria Folha.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O Deus autoritário


A construção de um Estado democrático e o conceito de democracia estão presentes na humanidade desde a formação da confederação de Delos em 477 a.C., quando a Grécia se transformou, pouco a pouco, em notável império militar e democrático. É importante lembrar que conceitos filosóficos e ideológicos, classes sociais, hegemonias circunstanciais, materiais e militares determinam a forma, o conceito e o modelo de Estado e de democracia que se estabelece nas sociedades em cada tempo histórico, desde sua fundação em Atenas.

Passados dois mil e quinhentos anos desde as primeiras iniciativas de constituir Estados democráticos e sociedades democráticas, é que a humanidade se depara com os limites impostos às nações, populações e povos de todo mundo pelos impérios dominantes. Hoje, no contexto histórico em que vivemos, é o setor financeiro como base nas principais economias que impõe seus objetivos até mesmo sobre os direitos políticos da democracia burguesa. Em pleno século XXI, a humanidade vive sob a hegemonia neoliberal, mais especificamente sob a ditadura dos mercados financeiros, desregulados e descentralizados.

Sócrates, um dos maiores pensadores da humanidade foi condenado a ingerir cicuta por um tribunal popular em 399 a.C. por defender a radicalização da democracia. O filósofo morreu acusado por não reconhecer os deuses do Estado, introduzir novas divindades e de corromper a juventude. Sócrates, que dizia: apenas saber que nada sabia; questionava os valores morais e religiosos que orientavam a conduta dos indivíduos e que serviam de base às instituições políticas do seu tempo. Do mesmo modo que gregos de hoje questionam os valores do deus mercado e as suas instituições financeiras internas e externas, que os submetem a um duríssimo ajuste econômico que representará a miséria e a desesperança de milhares de homens e mulheres da velha Grécia, descendentes de Sócrates e Platão.

Ocorre que a tragédia grega não se limita às atrocidades financeiras, aos cortes sociais, ao desemprego, ao aprofundamento da miséria, a destruição de um Estado, berço da civilização ocidental. Hoje, assim como há dois mil e quinhentos anos, a principal vítima na Grécia é a democracia, mesmo limitada e inconclusa, mas referência incontestável do sistema capitalista contemporâneo. Sócrates foi condenado à morte por questionar os deuses do Estado. Chamava seus discípulos à razão, ao questionamento das normas de conduta política. A virtude para Sócrates é o conhecimento absoluto.“O Homem é a medida de todas as coisas”.

Se os deuses do Estado levaram Sócrates à morte, agora é o Deus mercado que leva à morte a democracia, o emprego, a soberania, o futuro da nação grega. O Deus mercado decretou o fim do Governo Papandreou, de tendência social democrata, pois o mesmo diante da falência do Estado, da pressão da Comunidade Europeia, da prepotência do Banco Central Europeu, do FMI - Fundo Monetário Internacional, dos famintos credores internos e externos, resolveu consultar o povo grego por via de um plebiscito. O primeiro Ministro grego, emparedado pela banca mundial, propôs consultar a população e dividir com os gregos a crise do país para escolher o melhor caminho a seguir, diante da grave situação. A resposta foi fulminante em menos de quarenta e oito horas estava deposto o gabinete do governo grego. A banca internacional decretou: não cabe ao povo decidir, não cabe aos eleitores e aos governos estabelecer qualquer mediação democrática, quando o que está em jogo são os interesses do poderoso sistema financeiro global.

A ação política de pena máxima à democracia e ao Estado de direito grego foi mais letal que a cicuta aplicada a Sócrates pelo tribunal de Atenas. O mercado afastou em tempo recorde o primeiro-ministro grego Papandreou. Indicou como substituto um novo representante, banqueiro do FMI, íntimo do mercado financeiro: o primeiro ministro Papademos. A missão foi imediatamente cumprida, mudou o governo, aprovou o projeto financeiro imposto pela banca internacional “demônios” do capitalismo na atualidade.

O nome Papademos não poderia ser tão oportuno, ou seja, se o sujeito papa o demo, o que não fará aos trabalhadores. Conforme os articulistas da grande mídia rentista nacional e internacional, o novo governo Grego é um governo técnico. Em resumo, a democracia, desde os tempos de Sócrates, serve somente quando os interesses do poder constituído não estão em cheque, pois do contrário rasga todos os princípios e códigos que norteiam a famigerada democracia burguesa. Nos tempos atuais, a economia rentista domina a política, fixando e impondo a sua agenda. Marx, em artigo publicado em abril de 1853 dizia: “o mínimo que se pode dizer de um governo técnico é que ele representa a impotência do poder político em um momento de transição.

O mundo está diante de um dilema: construir uma nova alternativa política, econômica e social para a humanidade ou sucumbir diante de um Deus autoritário, covarde e sedento de crises e miséria. O que fica evidente nesta crise europeia, que ainda muito teremos que avaliar é que inevitavelmente morreu a democracia capitalista liberal. Não somente na Grécia, mas também na Itália. A resposta em todo o mundo tem sido ainda inconsistente, mas os movimentos embrionários nos Estados Unidos, Europa, Norte da África e no Oriente poderão assumir novas dimensões. É hora de ampliar a luta anticapitalista e propor novos rumos para a humanidade. Viva a democracia proletária, viva Karl Marx.


Gilson Reis é professor, especialista em Economia do Trabalho pela Unicamp.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Jornalistas buscam apoio de parlamentares
para aprovação das PECs do Diploma

Matéria publicada no site do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais: www.jornalistasdeminas.com.br

Café Parlamentar rende apoio e propostas de ação pela aprovação das PECs do Diploma

O Sindicato dos Jornalistas conquistou o apoio de deputados federais e estaduais, vereadores, do movimento sindical e das universidades para a Campanha do Diploma no Café Parlamentar realizado na manhã do dia 7 de novembro, na sede do SJPMG. Dezenas de pessoas - ex-presidentes da entidade, estudantes, professores e coordenadores de cursos de comunicação da UNA, da PUC-Minas, Uni-BH e Fumec participaram do evento.

Durante o debate, foram apresentadas propostas para mobilizar a sociedade e sensibilizar deputados federais e senadores a aprovar as PECs 386/09 e 33/09, que tramitam na Câmara e Senado, respectivamente, e preveem a restituição da obrigatoriedade da formação em nível superior específica para o exercício da profissão de jornalista.

Compareceram os deputados federais Jô Moraes (PCdoB) e Fábio Ramalho (PV); os deputados estaduais Luiza Ferreira (PPS) e Fred Costa (PHS); além dos vereadores Arnaldo Godoy (PT) e Carlúcio Gonçalves (PR). Enviaram representantes ou mensagens de apoio Jairo Lessa, Tarcísio Caixeta, Júlio Delgado, Eros Biondini, André Quintão, Elaine Matozinhos, Saraiva Felipe, Aelton Freitas, Dalmo Ribeiro, Paulo Lamac e Eduardo Azeredo, entre outros.

Senadores

O coordenador do debate do Café Parlamentar, o diretor de Relações Institucionais do Sindicato, ex-presidente da entidade e da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Luis Carlos de Assis Bernardes, revelou que os senadores Aécio Neves (PSDB), Clésio Andrade (PR) e Zezé Perrella (PDT) se manifestaram a favor da aprovação da PEC 33/09. “Quando estivemos, eu e a Vera Godoy (diretora de Imagem e Direito Autoral do SJPMG), em Brasília, conversamos com os senadores e eles, pessoalmente ou por intermédio de assessores, se comprometeram em votar favoravelmente à exigência da obrigatoriedade do diploma”, disse Bernardes.

Segundo o deputado federal Fábio Ramalho (PV), o ambiente no Congresso Nacional é totalmente favorável à aprovação das PECs. “Tenho conversado com os deputados e senadores e noto que a maioria, como eu, é a favor do diploma. Para mim, para exercer a profissão, tem que ser diplomado. E temos que lutar para aprimorar ainda mais os cursos. Podem contar comigo, com minha articulação. Eu sempre reúno deputados e senadores na minha casa e posso ajudar a buscar votos para as PECs.”

Para a deputada federal Jô Moraes (PCdoB), o diploma é instrumento de independência do profissional. “A comunicação é um assunto estratégico. O país pode ser dominado por quem domina os meios de comunicação. Os meios de comunicação precisam ser regulamentos para que os órgãos de imprensa exerçam o direito de falar e o povo o direito de se informar e o diploma tem papel preponderante neste cenário”, avaliou.

O vereador Arnaldo Godoy recomendou o máximo de divulgação possível e mais encontros como o desta segunda-feira. “É preciso divulgar ao máximo, usar todas as redes sociais para mostrar à sociedade quem está apoiando a Campanha do Diploma, como os três senadores mineiros”, afirmou. Godoy cobrou maior comprometimento das escolas de jornalismo. “As universidades têm que se envolver mais, têm que se empenhar mais na empreitada, que é dos estudantes.”

Movimento Sindical

O presidente do Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-Minas), Gilson Reis, propôs uma campanha direcionada à questão do diploma feita em conjunto pela sua entidade, SJPMG, movimento estudantil e coordenadores de cursos de jornalismo. “Precisamos envolver todos numa campanha maciça e levar para as ruas a causa do diploma. A participação das universidades nesta campanha é fundamental para que o debate seja levado á sociedade e que a opinião pública influencie no voto dos deputados”, disse Gilson Reis, que vai agendar uma reunião ainda nesta semana com todos os setores para articular a campanha.

De acordo com Jô Moraes, a Campanha do Diploma pode ganhar maior repercussão no Congresso com a elaboração de um manifesto, assinado pelos deputados e senadores. “O manifesto traria maior visibilidade para a causa, pois seria amplamente divulgado nas mídias do Congresso e nos meios de comunicação.”

Ações políticas

O deputado estadual Fred Costa se comprometeu a coletar assinaturas na Assembleia Legislativa para criar uma Frente Parlamentar em Defesa do Diploma. “É uma forma de criar um fato político”, disse. Fred Costa colocou seu mailing com mais de 400 mil e-mails para massificar a campanha pela volta do diploma. “O engajamento da sociedade é imprescindível e, para isso, precisamos divulgar ao máximo a campanha e buscar o apoio da população. Assim, vamos pressionar o Congresso a aprovar as PECs.”

Luiza Ferreira lembrou que, quando presidiu a Câmara Municipal, trabalhou pela aprovação de projeto do vereador Adriano Ventura (PT) que obriga o Legislativo e o Executivo municipais a contratar apenas jornalistas formados. “O projeto foi aprovado e sancionado. Belo Horizonte foi uma das cidades pioneiras no assunto”, disse a deputada estadual. “Eu me comprometo a repercutir o debate de hoje na tribuna da Assembleia Legislativa.” Luiza Ferreira disse que vai buscar informações do projeto do deputado Alencar da Silveira que propõe que os órgãos do Estado também só contratem jornalistas diplomados.

Para os parlamentares presentes no evento, a Campanha do Diploma vai depender não apenas do esforço dos jornalistas, mas de uma ação articulada no Congresso Nacional. “A campanha precisa ser assumida por um grupo, um bloco dentro do Congresso, que vai montar uma estratégia no dia de votação. É necessário trabalhar nas comissões e um grupo pode desenvolver este trabalho”, afirmou Ronan Ramos, representante do deputado Eduardo Azeredo (PSDB).

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Banco Central: autonomia de quem, cara pálida?




Desde o início do ciclo neoliberal no Brasil, setores vinculados aos poderosos interesses financeiros e ao próprio sistema financeiro nacional e internacional tencionam os sucessivos governos para estabelecer, de forma definitiva, através de reforma constitucional, a plena autonomia do Banco Central do Brasil. Dizem os especialistas de plantão, senhores muito bem renumerados pelo mercado, que a política monetária vinculada aos interesses do Estado é o caminho mais curto para se chegar às crises econômicas que solaparam o desenvolvimento do país no período anterior aos anos noventa.

Os rentistas de plantão internos e externos exigiram do Presidente Lula, mesmo antes das eleições de 2002, que o levou ao posto máximo da república, a se comprometer com uma política macroeconômica amplamente desfavorável ao país, a famigerada carta aos brasileiros. A exigência do mercado tinha como um dos pilares justamente a manutenção da política monetária praticada ao longo do governo Fernando Henrique. A receita do mercado consistia, basicamente, na utilização de juros elevadíssimos, um dos maiores do mundo, como forma de atrair capitais internos e externos para financiar a economia nacional. Contudo, a remuneração dos papeis da dívida pública brasileira, transacionados nos últimos anos, elevou a dívida interna dos seus 68 bilhões de reais no início do governo FHC para um trilhão e quinhentos bilhões no final do governo Lula.

Conforme o economista Márcio Pochmann, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, apenas vinte mil famílias brasileiras têm em poder parte desses papéis, o restante, é claro, está em mãos dos grandes grupos financeiros espalhados pelo mundo afora. É importante frisar que a política monetária em vigor, além de proporcionar um aumento estratosférico da dívida pública interna, tem efeitos colaterais extremamente negativos para o dia a dia da população.

Primeiro porque impõem que 20% da carga tributária seja deslocada para rolagem da dívida interna em detrimento da saúde, educação, segurança; segundo porque o aumento dos juros restringe o crédito para a economia real, reduzindo a capacidade de crescimento da economia, o que implica em menos emprego, menos salários e menos desenvolvimento; terceiro porque utiliza da política monetária para controle da inflação, impondo ao conjunto da população metas inflacionárias que em muitos momentos favorecem mais o capital especulativo que a economia real.

É importante lembrar que o mesmo Deus-mercado que exige a autonomia do Banco Central em relação ao governo, é o mesmo mercado que exigiu a completa desregulamentação do mercado de derivativos, que levou as principais economias do planeta a mais profunda crise estrutural do sistema capitalista, desde os anos trinta do século passado. Analistas de mercado afirmam que Estados Unidos e Europa já torraram vinte e cinco trilhões de dólares com o objetivo de controlar a crise. Estão previstos ainda dezenas de trilhões de dólares para recolocar a economia das principais potências no eixo do crescimento novamente.

O debate em torno da política monetária ganhou maior dimensão há mais ou menos cinquenta dias. Naquela ocasião, o Banco Central, analisando a crise externa, seus impactos na economia brasileira, a desaceleração do crescimento interno, a desindustrialização de setores da economia, os juros exorbitantes praticados desde o início do governo Dilma, resolveu, de forma soberana, reduzir os juros da taxa Selic em 0,5%. A gritaria foi ensurdecedora. O mercado que fica com um olho no gato e outro no rato, ou seja, com um olho nos rendimentos dos papéis e no quanto a inflação come esta rentabilidade, decretou solenemente o fim da autonomia do Banco Central e conforme seus agentes e articulistas a intervenção “desastrada” da Presidenta Dilma na política monetária.

Passados cinquenta dias e mais um recuo de 0,5% na taxa Selic, que dessa vez foi previamente absorvido pelo mercado, ficou demonstrada a justeza da posição do Presidente do Banco Central e da Presidenta Dilma. Agora, passada a primeira batalha, é preciso o governo brasileiro definir de forma definitiva quem controla o Banco Central: ou o governo eleito por milhões de brasileiros ou o mercado que não teve um único voto e se arvora em controlar o Banco Central e a política monetária do país. Passou da hora, depois de quase duas décadas de Banco Central controlado e presidido por agentes do mercado financeiro interno e externo, em dar seu grito de liberdade e autonomia. Seu grito de independência ou morte.

Nesse cenário de crise internacional, com perspectiva de diminuição do crescimento global, com restrição das exportações, com desconfiança generalizada entre países e povos é que o governo brasileiro deve mudar de forma profunda a política macroeconômica. O primeiro passo é dizer ao povo brasileiro que, a partir de agora, o Banco Central do Brasil terá ampla autonomia e independência em relação ao mercado financeiro interno e externo e seus especuladores; que as políticas monetária, cambial e fiscal são de responsabilidade do governo federal, da Presidenta Dilma e de seus ministros. Enfim, que os interesses do mercado serão colocados em segundo plano.

Nesse cenário de muitas dificuldades externas e internas é preciso que o governo diga ao povo brasileiro que necessitamos de mais desenvolvimento, mais saúde, mais educação, mais emprego, mais renda para quem trabalha e produz. É hora de mostrar ao povo brasileiro e ao mundo, para além dos discursos, que os maiores responsáveis pela crise internacional que abateu milhões de trabalhadores pelo mundo afora tem um responsável: o mercado financeiro autônomo, independente e irresponsável. Deu no que deu, é hora de mudar.


Gilson Reis é professor, especialista em Economia do Trabalho pela Unicamp.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Campanha pela paz nas escolas conquista apoio da sociedade

A campanha pela paz nas escolas do Sinpro Minas começou neste mês a ser veiculada na mídia e em outros espaços, entre eles as redes sociais. A iniciativa tem recebido manifestações de apoio da sociedade.Com o slogan Tem algo de errado na escola. É hora de corrigir, a campanha traz peças e um vídeo com situações prováveis que retratam formas de agressão vivenciadas pelos professores.

Assista o vídeo




A Agência Pro Brasil Propaganda abraçou a luta pela paz no ambiente escolar e criou a campanha, sem custos para o sindicato. “Nosso objetivo, ao abraçar a causa, é trazer à luz a discussão de um problema tão sério que afeta todas as famílias e precisa ser discutido, uma vez que a educação em nosso país é uma das questões mais sensíveis e está na base do nosso desenvolvimento e do nosso futuro como nação”, afirmou o diretor de Atendimento e Planejamento da Pro Brasil Propaganda, Euler Brandão.

“A violência na escola não tem classe social. As notícias vêm de todos os lados. O que queremos com essa campanha é mostrar o que está acontecendo e que precisamos lutar contra isso”, disse o diretor de Criação Alexandre Level.

Veiculação na TV

Por meio de parceria institucional com a Globo Minas, o vídeo da campanha começou a ser veiculado na emissora, também sem custos para o sindicato. “Somos muito gratos aos nossos parceiros, que, num gesto solidário, se dispuseram a empenhar esforços para trilharmos o caminho da paz no ambiente escolar. Estamos certos de que essas parcerias fortalecem sobremaneira a luta contra a violência nas escolas”, destacou Gilson Reis, presidente do Sinpro Minas.Ele acredita que as parcerias serão ampliadas, já que a busca de soluções para o problema demanda o envolvimento de diversos atores sociais.

Internet

O site http://www.paznasescolas.org.br/, criado exclusivamente para a campanha, já está no ar e traz as peças, além de notícias, depoimentos, entrevistas de especialistas, entre outros conteúdos. O filme criado pela Pro Brasil Propaganda foi desenvolvido pela produtora de vídeo Casa na Árvore.

Para o sindicato, o objetivo da campanha é chamar a atenção de pais, alunos, professores, autoridades, gestores públicos, donos de escolas e toda a sociedade para o problema.

“Sabemos que o assunto é complexo e não há soluções prontas, mas não há dúvidas de que o diálogo e ações efetivas, inclusive por parte do poder público, apontam bons caminhos para criarmos uma cultura de paz nas escolas, de maneira que isso reflita em toda a sociedade”, afirmou Gilson Reis, presidente do Sinpro Minas, ao destacar ser fundamental a ampla divulgação da campanha.


Pela paz nas escolas, denuncie a violência (0800 770 3035).

Clique aqui para acessar a página do serviço.

Disque-denúncia registra um caso de violência a cada seis dias





Levantamento do disque-denúncia (0800 770 3035) criado pelo Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro Minas) revela que, em média, uma denúncia de violência em escolas particulares de Minas Gerais é feita a cada 6 dias. Entre fevereiro (mês em que o serviço começou a funcionar) e setembro, 40 ligações com denúncias relativas à rede privada foram registradas, com ocorrências de ameaças, intimidações, agressões verbais, físicas, assédio moral (violência psicológica) e até tráfico de drogas.

Em relação aos sujeitos envolvidos nos casos relatados, a maioria refere-se ao par aluno-professor, mas há também situações em que pais e direção da escola estão envolvidos. O serviço também recebeu 43 denúncias de violência na rede pública de ensino. Ao somar todas as ligações registradas, chega-se a uma média de uma denúncia de violência em escolas particulares e públicas a cada três dias. Os dados foram divulgados nessa segunda-feira (3/10), durante coletiva de imprensa, no auditório do sindicato.

Cenário preocupante

Para o Sinpro Minas, o resultado é grave. “A escola é o ambiente da paz, da promoção do diálogo, do aprendizado e da troca de saberes e experiências. Jamais podemos aceitar qualquer episódio de violência nesse espaço”, afirma Gilson Reis, presidente do sindicato.

Ele acredita que o quadro atual é mais preocupante e os números são ainda maiores. “Várias denúncias são feitas pessoalmente no sindicato, quando os professores nos visitam, mas eles temem formalizá-la por meio do disque-denúncia. Nós os orientamos nesse sentido, mas os docentes se recusam a romper a cultura do silêncio que ainda impera em nossa sociedade, por medo de sofrer algum tipo de retaliação da direção da escola ou do próprio agressor”, aponta.

O presidente do Sinpro Minas voltou a criticar o “silenciamento dos professores” na rede privada. “Há uma pressão muito grande das escolas para que os casos não sejam denunciados e a situação seja acobertada. Isso faz com que a violência aumente e o problema não seja resolvido”, denunciou, depois de informar que, dos casos registrados pelo disque-denúncia, apenas uma instituição de ensino tomou providências. “As escolas privadas não têm tomado medidas para solucionar o problema. Elas não podem ser omissas”. Segundo ele, os professores precisam romper essa cultura do silêncio e denunciar. “Só assim poderemos traçar um diagnóstico mais completo do quadro e buscar, após debate com toda a sociedade, soluções para o problema”.

Homenagem

Durante a divulgação dos dados, Maria dos Anjos Castro, mãe do professor Kássio Vinícius Castro Gomes, e a mulher dele, Simone Caixeta, receberam uma flor como símbolo da paz nas escolas. O docente foi morto no final do ano passado por um aluno, dentro do Instituto Izabela Hendrix, em Belo Horizonte, enquanto lecionava. Num relato emocionado, Simone Caixeta lembrou a dedicação do marido à educação. “Era um profissional extremamente competente, que sempre prezava pelo bom relacionamento. Infelizmente, acabou sendo vítima”.

Ela criticou a decisão em primeira instância da Justiça que indeferiu o pedido para que a instituição de ensino pague indenização e pensão aos dois filhos do casal. “Vamos recorrer, mas nos entristece muito pensar que Kássio morreu no seu ambiente de trabalho, no exercício da profissão, e isso não foi observado”.

Para o Sinpro Minas, o poder público precisa adotar medidas efetivas no combate à violência no interior das escolas e pela criação de uma cultura de paz. No início deste ano, o sindicato encaminhou dois ofícios ao Conselho Estadual de Educação, solicitando uma reunião para discutir o assunto, mas, até o momento, não obteve retorno.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

As Minas do poder e da corrupção


O Estado de Minas Gerais com seus vinte milhões de habitantes distribuídos em uma área que corresponde ao território da França, é responsável pelo terceiro maior PIB (Produto Interno Bruto) do país. As montanhas de Minas são conhecidas pelos brasileiros como a terra do queijo e da cachaça, da culinária tipica e saborosa, de um povo profundamente religioso embora desconfiado e de uma tradicional elite conservadora e centralizadora de poder e riqueza.

Nas terras altas e montanhosas do estado do alferes Tiradentes, concentra uma riqueza mineral incalculável de ouro, manganês, nióbio, urânio, minério de ferro e uma diversidade incomensurável de outros recursos minerais e riquezas naturais. A recente descoberta de gás na região do vale do São Francisco, aumentou ainda mais as potencialidades de exploração no território mineiro. Uma riqueza natural que colocou a mineração e a siderurgia responsável por metade de toda a riqueza produzida no estado.

No último período a expansão do comércio internacional de commodities minerais consolidou Minas e o Brasil num mercado ávido por recursos naturais. O Estado de Minas Gerais ganhou maior visibilidade interna e externa, e com ela potencialmente a cobiça e a possibilidade da corrupção. Empresas nacionais e internacionais, em parceria com as atuais forças políticas que governam Minas, sob o olhar inescrupuloso de seus líderes, realizam a portas fechadas as maiores negociatas jamais vistas em toda a nossa história. É possível afirmar que o volume de recursos desviados atualmente nos esquemas da mineração, deixou o ciclo do ouro virar café pequeno.

Na semana passada a Polícia Federal, através da Operação Grilo, desbaratou uma das quadrilhas que atuavam nos porões do poder de Minas. O esquema funcionava dentro do Iter (Instituto da terra de Minas Gerais), órgão responsável pela regularização fundiária no território mineiro. Foram indiciados na operação o Secretário da pasta, dois prefeitos e oito funcionários públicos, incluindo um policial civil. A fraude consistia em repassar terras devolutas do estado para laranjas e esses vendiam às empresas mineradoras, tendo a frente a toda poderosa Vale (do Rio Doce). A região envolvida na fraude, o norte de Minas, corresponde à nova fronteira da mineração no estado. Conforme a PF, a fraude chega a 250 milhões de reais. Todavia, o que mais chama atenção é que o Secretário de Estado no dia de sua prisão informou aos policiais federais que o esquema tinha sido relatado ao governador Aécio Neves em 2007 e, ao que parece, o atual Senador da República, não teria tomado nenhuma providência.

A operação desencadeada pela a Polícia Federal envolvendo o governo estadual, as grandes minerações, a Assembleia Legislativa e o poder Judiciário é apenas a ponta de um novelo de aço longo e mal cheiroso, que entrelaça os poderosos de Minas. Duas questões chamam a atenção nesse processo: as dezenas de bilhões de reais anunciados para a exploração mineral e a rápida e articulada maneira com que os governos tucanos resolvem os problemas de natureza política, jurídica e econômica que envolvem as empresas de mineração.

A fórmula para viabilizar os esquemas de exploração mineral em Minas é simples: exigir que deputados estaduais da base governista aprovem leis delegadas. As leis delegadas facilitam o Executivo na publicação de decretos que viabilizam a licença de instalação, operação e exploração para as mineradoras. O processo é tão descarado que até licença sem o Rima (Relatório de impacto ambiental) é liberado sem os devidos estudos científicos. Os decretos têm o objetivo de desobstruir todos os obstáculos possíveis e impossíveis e facilitar o sonho do lucro, da corrupção, dos crimes ambientais, dos crimes contra as comunidades nativas e contra o erário público.

Neste empreendimento de muito dinheiro e poder existem sérios indícios de facilidades arquitetadas pelo poder público estadual. Assim podemos afirmar: quem planta facilidade colhe corrupção, formação de quadrilha, estelionato, peculato etc... No momento estão em curso vários projetos de exploração mineraria, que envolvem bilhões de reais: Serra do Gandarella, Serra da Moeda, Serra da Bocaina. Projetos que envolvem empresas ricas e poderosas como: MMX, Vale, Anglo Gold, Anglo América.

Nos últimos dias o Senador Aécio Neves, que foi omisso ao longo de oito anos de governo no estado, trouxe para o debate nacional a questão dos royalties do minério. É importante que o tema seja debatido e que seja aprovado lei para aumentar a tributação mineral. Entretanto, para além da tributação e da destinação dos recursos provenientes do minério, como, por exemplo, para a educação, precisamos realizar um profundo e sério debate em torno das questões que envolvem a mineração em Minas e no Brasil. Precisamos discutir as reservas florestais, os mananciais de águas, a utilização de rios para transporte minerário, as comunidades locais, o retorno econômico e social para a sociedade, o modelo exploratório, a geração de emprego, dentre várias outras questões econômicas e ambientais.

Porém, o que precisamos mesmo na altura dos acontecimentos é exigir dos órgãos de fiscalização estadual e nacional uma ampla e profunda investigação nos processos de instalação, autorização e operação minerária no estado. Transformar as Minas das falcatruas e da corrupção nas Minas do desenvolvimento soberano e ambientalmente sustentável.

Gilson Reis, professor especialista em economia do trabalho pela Unicamp e presidente do Sinpro Minas.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Emir Sader: Corvos e urubus

Repararam que tem gente, que se diz de esquerda, mas que só aparece para criticar a gente de esquerda? Nunca contra a direita, o que quer que esta faça. São especialistas em jogar álcool em qualquer foguinho dentro da esquerda.

Nunca reconhecem vitórias, conquistas, avanços. São apenas prenúncios de derrotas, traições, retornos da direita – cuja culpa será sempre denunciada como responsabilidade da esquerda. Adoram as derrotas, quanto maior, melhor, porque a culpa é dos outros, não importa que o povo seja quem pague o preço.

São ótimos para fazer balanços de derrotas, mas nunca sabem propor alternativas e nunca conseguem dirigir processo algum. São sempre críticos. Espécies de urubus, especialistas em carniças. Corvos, que auguram sempre catástrofes.

Não dá para ter respeito por alguém que se diz de esquerda, mas não está em todas as paradas da luta contra a direita. Aí ficam quietos, espreitando para atacar a esquerda, seja porque não é suficientemente radical, seja porque não derrotou de forma radical e definitiva a direita. Eles mesmos, não são capazes de afetar o poder da direita, nem estão centralmente preocupados com isso, lhes importa sobretudo as “traições” da esquerda.

Numa circunstância grave como a da Bolívia atualmente, por exemplo, colocam para fora o rancor com Evo Morales e sua liderança, como antes tiveram essa atitude contra Lula no Brasil. Todos “traíram”, incluídos Hugo Chaves, Rafael Correa, Pepe Mujica, os Kirchner, Fernando Lugo, Mauricio Funes, só eles são puros. Só que o povo não acha isso, de forma que essa gente nunca consegue formar movimentos populares com forte participação do povo, não dirigem nenhum processo, não conseguem citar um caso em que suas ideias levaram a vitórias e a avanços.

Não elogiam a reforma agrária, a nacionalização das minas, a Assembleia Constituinte postas em prática por Evo. Não apoiam as medidas de política externa soberana do Brasil, no reconhecimento da Palestina, na mediação do Irã, no apoio a Cuba. Só denúncias, porque seu universo não é a luta geral do povo, mas o universo restrito da esquerda. Não fazem luta de massas, só luta ideológica. Não constroem força política para que a esquerda avance, sempre tratam de dividir.

Os conflitos na esquerda, no campo popular, têm que ser discutidos e tratados como conflitos entre tendências de esquerda, mais moderadas ou mais radicais, sem desqualificações que caracterizem os outros como fora do campo da esquerda. Esta atitude é o primeiro passo que leva a assimilar outras tendências da esquerda à direita e assumir equidistância em relação a elas.

Numa situação de crise como a da Bolívia atualmente, tudo o que podemos desejar é que se chegue a um acordo político entre o governo e setores do movimento indígena que estão em enfrentamento aberto. Nem o governo é de direita, nem os movimentos indígenas fazem o jogo da direita. É nesse marco que devemos almejar que sejam enfrentados os conflitos.

Como no Brasil, deve-se criticar o governo e o PT no que se diverge, e apoiar nos pontos comuns. Fazer frente única no que há de comum, a começar na luta contra a direita. E criticar naquilo em que há divergências. Considerando que são diferenças no campo da esquerda e não é possível equidistância entre o governo e a oposição, o PT e a direita.

Emir Sader, sociólogo e cientista, mestre em filosofia política e doutor em ciência política pela USP – Universidade de São Paulo

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Brasil.org.br



O neoliberalismo universal trouxe para a vida política contemporânea muitas distorções éticas e com elas várias formas de apropriação, desvio e desmandos nas finanças públicas. No bom português: roubo. Hoje tratarei de apenas uma das formas de corrupção que o setor privado, vinculado a algum esquema político, ou vice-versa, utiliza para desviar recursos públicos, cada vez em maior volume, por via das ONGs - Organizações Não Governamentais.

Conforme divulgado pela imprensa nacional, estima-se que, somente nesse último período, foram desviados pelas ONGs, nos três níveis de governo, próximo a 360 milhões de reais. O relatório que originou a CPI das ONGs, em 2007, reativada no último mês de julho, avalia um prejuízo, somente para a União, próximo de três bilhões de reais. Os desvios ocorrem de várias formas, mas a porta de entrada é através de convênios diretos e pela subcontratação de empresas, procedimento realizado pelas ONGs, para facilitar as transações ilegais e dificultar improváveis fiscalizações.

A prática de desvios públicos por meio das ONGs é tão comum nos dias de hoje, que é raro um político, em qualquer esfera de poder, não participar de uma ONG ou não se relacionar de forma direta ou indireta com alguém vinculado a uma dessas organizações. Para termos uma ideia, em 2006 existia no Brasil cerca de 22 mil ONGs, hoje são mais de 300 mil espalhadas pelo território nacional. O mais impressionante nesta escalada de crescimento, é que existem no Brasil somente doze funcionários da Justiça para fiscalizar os recursos e as ações praticadas por essas organizações não governamentais.

No filme Vale quanto pesa ou é por kilo, Sérgio Bianchi resgata um conto de Machado de Assis que faz uma reflexão sobre a sociedade escravocrata e a sociedade contemporânea, tendo como fio condutor as relações políticas, objetivos econômicos, objetos de troca e procedimentos das ONGs na atualidade. O filme é apenas uma ficção, mas como diria o filósofo: a vida imita a arte. Nesse caso específico a imitação é um fator cada vez mais evidente nas relações políticas e na prática cotidiana de corrupção da deteriorada democracia brasileira.

Nos últimos dias, palavras e expressões foram jogadas ao ar: limpeza, faxina, CPI das ONGs, CPI da corrupção, corrupção endêmica, diminuição do Estado, desbloqueio das emendas parlamentares, ajuste fiscal, etc. Todas têm um mesmo objetivo tencionar o ambiente político de forma aparente, tangenciar os problemas como forma de dizer a sociedade que algo esta sendo feito. Porém, no fundo, o propósito é manter intocável toda a estrutura que serve a um projeto ideológico. Projeto apoiado em pessoas, a serviço de um reduzido setor da sociedade, que a cada dia apodera-se dos recursos do estado, em detrimento das políticas públicas de qualidade. Políticas que interessam em última instância a toda sociedade.

Ah... Para dizer que não tenho proposta, encaminho a seguinte: suspensão de repasse público, de qualquer origem, para qualquer ONG ou Ocip a partir da data de hoje. Vai ser uma confusão só no brasil.org.br!


Gilson Reis, professor, especialista em Economia do Trabalho pela Unicamp e presidente do Sinpro Minas

Mauro Santayana: Uma semana de setembro




É quase certo que a semana passada tenha sido decisiva para a História deste século que se iniciou há dez anos, com os fatos misteriosos de Nova York. A ONU, que não tem sido mais do que um auditório, espécie de ágora mundial, mas sem o poder político de que dispunham as praças de Atenas, ouviu quatro discursos importantes. Dois deles em nome da paz, do futuro, da lucidez e dois outros que ecoaram como serôdios.

Por Mauro Santayana, em seu blog

Dilma e Abbas, em nome dos que não aceitam mais essa divisão geopolítica do mundo; Netanyahu e Obama, constrangidos porta-vozes de um tempo moralmente morto. A assembléia geral estava separada em dois lados definidos, ainda que assimétricos.

A presidente do Brasil falava em nome das novas realidades, como a da emancipação das mulheres – pela primeira vez, na crônica das Nações Unidas, uma voz feminina abriu os debates anuais – e a impetuosa emersão de povos milenarmente oprimidos como agentes ativos da História. Mahmoud Abbas, embora em nome de uma pequena nação, representou todos os povos oprimidos ao longo dos tempos. Por mais lhe neguem esse direito, a Palestina é tão antiga que entre suas fronteiras históricas nasceu um homem conhecido como Cristo.

O holocausto judaico, cometido pelos nazistas, e que nos horroriza até hoje, durou poucos anos; o do povo palestino, espoliado de direitos com a ocupação paulatina de suas terras, iniciada com o sionismo no fim do século 19, dura há pelo menos 63 anos, desde a criação, ex-abrupto, do Estado de Israel, em 1948. Recorde-se que a criação de um “lar nacional” para os judeus estava condicionada à sobrevivência, em segurança, do povo palestino em um estado independente. A voz de Dilma, mais comedida, posto que representando nação de quase 200 milhões de pessoas no exercício de sua soberania política, teve a mesma transcendência histórica do apelo dramático de Abbas. A cambaleante comunidade internacional era chamada à sensatez política e à consciência ética. É duvidoso que ela corresponda a essa responsabilidade.


Do outro lado, no discurso dissimulado e ameaçador de Netanyahu e na lengalenga constrangida de Obama, ouviram-se os rugidos dos mísseis tomawaks e o remoto estrondo que destruiu as cidades de Hiroxima e Nagasáqui, em 1945. Enquanto Netanyahu balbuciava, sem nenhuma coerência, as expressões de paz, seus soldados matavam um manifestante palestino na Cisjordânia ocupada.

Os dois arrogantes senhores não falaram em nome dos homens; bradaram em nome das armas e dos grandes banqueiros sem pátria que, desde os Rotschild, mantêm a força contra a razão naquela região do mundo. Como muitos historiadores já apontaram, os judeus ricos, sob a liderança da poderosa família de financistas, decidiram acompanhar o ex-pangermanista Theodor Herzl, na idéia de criar um estado hebraico, a fim de se livrar da presença constrangedora dos judeus pobres na Inglaterra e na Europa Ocidental.

Na origem da sua independência, os Estados Unidos ouviram a constatação sensata de Tom Payne, de que contrariava o senso comum a dependência de um continente, como a América do Norte, a uma ilha, como a Grã Bretanha. O governo norte-americano é hoje refém de um estado diminuto, como Israel, representado em Washington pelos poderosos lobistas, capazes de influir sobre o Capitólio e a Casa Branca, contra as razões históricas da grande nação.

Ao apoiar, vigorosamente, o imediato reconhecimento, pelas Nações Unidas, da soberania do Estado Palestino, Dilma não falou apenas em nome dos países emergentes, solidários com o povo acossado e agredido, cujas terras e águas são repartidas entre os invasores; falou em nome de princípios imemoriais do humanismo. Ela pôde dar autenticidade ao seu discurso com uma biografia singular, a de uma jovem que, na resistência contra um regime criado e nutrido ideologicamente pelos norte-americanos, foi prisioneira e torturada.

A presidente disse ao mundo que estamos, os brasileiros, trabalhando para que o Estado cumpra a sua razão de ser, ao reduzir as desigualdades sociais e ampliar o mercado interno, a fim de desenvolver, com justiça, a economia nacional. Embora com a prudência da linguagem, exigida pelas circunstâncias solenes do encontro, o que Dilma disse aos grandes do mundo é que eles, no comando de seus estados, não agem em nome dos cidadãos que os elegeram, mas das grandes corporações econômicas e financeiras multinacionais, controladas por algumas dezenas de famílias do hemisfério norte.


O resultado dessa distorção são as crises recorrentes do capitalismo contemporâneo, com o desemprego, o empobrecimento crescente das nações, a insegurança coletiva e o desespero dos mais pobres. E os mais pobres não se encontram hoje apenas nos países do antigo Terceiro Mundo, mas nas maiores e orgulhosas nações. As ruas de Londres e de Nova York, de Nova Delhi e de São Paulo são caudais da mesma miséria. Daí a necessidade de que se mude o projeto de vida em nosso Planeta. Para isso é preciso que as novas nações participem efetivamente da construção do futuro do homem.

Outro ponto axial de seu discurso foi o da necessária e urgente reforma da Organização das Nações Unidas, para que ela se restaure na credibilidade junto aos povos. Seu sistema decisório, construído na fase crucial da reacomodação do mundo, depois da tragédia da 2ª. Guerra Mundial, correspondeu a uma constelação circunstancial do poder, em que as maiores potências, possuidoras da bomba do juízo final, assumiam a responsabilidade de garantir hipotética paz, mediante o Conselho de Segurança. Contestado esse superpoder mundial pela consciência moral dos povos, desde o seu início, há quase duas décadas que se discute a sua ampliação democrática, mas sem qualquer conclusão efetiva. Dilma expressou a urgência de que isso ocorra, a fim de que o organismo possa ter a força da legitimidade política.

A paz, como a guerra, era, durante a Guerra Fria, um negócio a dois, e que só aos dois beneficiava. Sua disputa se fazia na periferia do sistema, a partir do conflito na Coréia, que inaugurou o sistema da divisão entre norte e sul, que se repetiria no Vietnã e em outros países.

Mais uma vez, no pacto Wojtyla-Reagan, a Igreja se somava ao dinheiro, para a aparente vitória do capitalismo, com a queda do muro de Berlim. Isso trouxe aos vitoriosos a ilusão de que a História chegara a seu fim, com a definitiva submissão dos pobres aos nascidos para mandar e usufruir de todos os benefícios da civilização. Como registramos naqueles anos de Fernando Henrique, quando ele nos fez ajoelhar diante de Washington, os novos mestres do mundo se esqueceram de combinar com os adversários, como recomendou um filósofo mais atilado, o mestre Garrincha.


A globalização, planejada para consolidar o condomínio dos países centrais, sob a hegemonia ianque, mediante a recolonização imperial, trouxe o efeito contrário, promoveu a unidade política dos países atingidos e se voltou contra seus criadores. Isso explica a emersão do Brics. Foi em nome do futuro, das novas e poderosas forças humanas que se organizam, que o Brasil falou, por meio da presidente Dilma, em Nova York.


Artigo publicado no dia 28 de setembro de 2011, no portal http://www.vermelho.org.br/





quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Professores aceitam proposta do governo e suspendem greve

Confira a matéria elaborada pelos jornalistas Mateus Rabelo e Joana Suarez, no jornal O Tempo online, publicada no dia 27\09\2011.



Categoria fará nova assembleia no dia 8 de outubro para avaliar se Estado está cumprindo o acordo


Após um dia de grande expectativa de todos os lados envolvidos na greve dos professores, que completou nesta terça-feira 112 dias de paralisação, a categoria aceitou a proposta do governo e decidiu suspender a greve. Foram mais de oito horas de negociações entre o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE) e o Governo de Minas. Após o término desta negociação, o comando de greve se reuniu e após mais duas horas e meia de debates sinalizou pela suspensão da greve, sendo confirmada no fim da noite em votação da categoria, que lotou o pátio da Assembleia com mais de quatro mil pessoas.

Com a condição do fim imediato da greve, o Governo propôs negociar os valores da tabela de faixas salariais, entre 2012 e 2015, reconhecendo a aplicação do piso salarial proporcional no plano de carreira dos professores. Com isso, o Estado consideraria o tempo de serviço e a escolaridade dos profissionais para estipular quanto cada um vai receber. Porém, segundo o Sind-Ute, vai depender exatamente do cumprimento dessa promessa do governo para que a categoria encerre definitivamente a greve. Caso contrário, em assembleia no dia 8 de outubro, a categoria pode voltar a cruzar os braços.

No termo de compromisso firmado entre as partes, o governo se comprometeu ainda a suspender por 15 dias, para debates, a tramitação do projeto de lei que institui o subsídio, nova remuneração dos professores que incorpora ao salário base os benefícios da categoria.

A coordenadora do sindicato, Beatriz Cerqueira, saiu do encontro e chorou ao apresentar a proposta do governo aos professores reunidos na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Com um tom mais sereno do que o de costume, a sindicalista pediu aos presentes que aguardassem algumas horas já que ainda iria debater com o comando de greve cada ponto da proposta. Após a deliberação, Beatriz deu início à votação das propostas, que resultou na suspensão da greve.

Durante a tarde, com a reabertura das negociações, a coordenadora do Sind-UTE determinou que dois professores, em greve de fome, suspendessem o ato, que durou 8 dias. Os dois passaram por atendimento médico e passam bem.

Designados.
Na reunião entre o Sind-UTE e representantes do governo do Estado, a punição dos professores designados também foi objeto de negociação. Porém, as negociações sobre o assunto seriam retomadas 24 horas após o fim da greve. Uma comissão seria criada imediatamente para tratar da suspensão da exoneração dos profissionais contratados que participaram das paralisações.

Cerca de quatro mil pessoas estavam presentes na assembleia desta terça, segundo a Polícia Militar. Os professores esperaram por mais de cinco horas para que a assembleia tivesse início. Durante todo o dia, a categoria permaneceu no pátio da ALMG e comemorou após a decisão. Os 38 professores que se acorrentaram no plenário da ALMG nessa segunda-feira também se mantiveram firmes com o protesto até a decisão.

Com a suspensão da greve, o acordo prevê que todos os professores voltem às salas de aula já nesta quinta-feira.

Confira abaixo o termo de compromisso assinado entre professores e governo:
Reiterada a plena disposição de permanente diálogo com a categoria dos professores estaduais, o Governo reafirma sua disposição ao entendimento de modo a permitir o retorno pleno da normalidade da rede pública estadual. Para tanto, garante ao Sindicato a participação em comissão de negociação, com a presença de 6 (seis) parlamentares, além dos representantes do Poder Executivo e do Sindicato, com o objetivo de aprimorar e reposicionar na tabela salarial da carreira da educação (em ambas as suas atuais formas de remuneração), com impactos salariais desdobrados de 2012 até 2015, desde que o movimento cesse de imediato.

A comissão será instituída através de resolução imediatamente após a suspensão da greve da categoria e iniciará os trabalhos em até 24 horas após a sua constituição. No curso das negociações, preservados os termos do regimento interno da Assembleia Legislativa, será orientada a liderança do Governo no sentido de paralisação da tramitação do projeto de lei já encaminhado ao Poder Legislativo. A partir da data da suspensão do movimento e retorno integral às atividades, cessa a aplicação de novas penalidades.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

11/09 - A Decadência do Império



Dez anos se passaram desde o dia onze de setembro de 2001 até hoje. O mundo estarrecido e de olhos arregalados diante das imagens transmitidas em tempo real, que mais pareciam roteiro de filme Hollywoodiano. As torres gêmeas atingidas violentamente por aviões de carreira, lotados de passageiros, caiam como um castelo de cartas. O ataque ao todo poderoso pentágono lembrava Roma em chamas. Naquela situação imponderável, pensávamos todos: quantos aviões haveriam ainda de mergulhar no sonho americano de nação impenetrável, arrogante e prepotente?

Não muito longe dali, o Presidente George W. Bush ministrava aula para crianças de uma pré-escola de classe media americana. Informado dos acontecimentos, a reação serena de Bush filho, levava a crer que o ataque, embora estarrecedor, era um acontecimento esperado pelos falcões, que sem rumo politico, comandavam os destinos da nação americana. Grupo de concepção cristã ortodoxa, de grande impeto militarista e de profundo apreço pelo controle das reservas petrolíferas mundo afora, tinha no acontecimento a redenção.

È importante lembrar que os falcões, grupo ideológico, com profundo viés religioso, que governavam os Estados Unidos no momento do ataque às torres gêmeas, foram derrotados nas eleições presidenciais de 2000 pelo candidato, Al Gore. Democrata, ambientalista, ligado a setores e organizações sociais, deveria suceder ao Presidente Bill Clinton. As eleições que levaram os falcões ao poder foram a mais tumultuada da historia da republica Norte Americana. Todos os dados apontavam para a derrota de Bush, no entanto as grandes corporações financeiras, petrolíferas, armamentistas, depois de semanas de pressão, conseguiram nos tribunais derrotar os democratas e colocar a faixa presidencial no peito do mais despreparado governante dos Estados Unidos da América.

Guerra infinita e permanente

A reposta do governo Bush e dos falcões, foi decretar ao mundo a doutrina de guerra preventiva e infinita contra os países e povos considerados como eixo do mal. Quem não está com os EUA está contra, decretou o monarca W.Bush. Várias nações entraram na mira do império, Cuba, Venezuela, Coreia do Norte, Irã. Contudo, era necessário demonstrar força, poderio militar para alcançar uma vitória rápida, implacável e inquestionável da máquina de guerra dos Estados Unidos. Mesmo sem a permissão do Conselho de Segurança da ONU e de forma unilateral, os Estados Unidos ocuparam o Iraque. Nação do Oriente próximo, destruída por duas décadas de guerras, incluindo uma contra o próprio EUA.

Em poucos dias o país é severamente bombardeado e ocupado. A vitória aos olhos dos falcões estava próxima, porém, passados oito anos desde a ocupação militar, milhares de mortos contabilizados de ambas as partes, em número muito maior de iraquianos. Um gasto estimado em quatro trilhões d e dólares, responsável em grande parte pelos déficits do tesouro americano; rompimento intolerável com princípios de direitos humanos e a tortura praticada pelos soldados americanos contra o povo iraquiano são a expressão definitiva de degeneração do império. A ocupação Americana no Iraque confrontou objetivamente e subjetivamente contra duas tendencias históricas; incapacidade do invasor em reconhecer a soberania e auto determinação dos povos e a resposta afirmativa e heroica do invadido de pertencimento a um povo e a uma nação. A atitude de reação demonstrada nos últimos oito anos pelos iraquianos, contra a ocupação estrangeira, confirma isto.

A retirada das tropas americana do Iraque é questão de tempo. Com a morte de Sadan Hussein, os Xiitas do Iraque aproximam-se cada vez mais dos Xiitas do Irã. O Afeganistão, país também ocupado pelo governo Bush, trava ha quarenta anos guerra contra as principais potencias bélicas do mundo. Com o assassinato de Bin Laden ocorreu uma aproximação do Paquistão, nação que detêm a bomba atômica e milhões de habitantes e grupos radicias, com outras nações islâmicas. A ocupação desastrada do Iraque, a derrota da doutrina Bush e as consequências a curto e médio prazo do conflito entre o ocidente e o oriente e entre cristãos e islâmicos são pilares da decadência estadunidense.

A crise fiscal

O imperialismo estadunidense, para manter a hegemonia geopolítica internacional possui centenas de bases militares mundo afora. Milhares de soldados são pagos com recursos públicos para sustentar a influencia politica, econômica e militar americana. As ocupações no Iraque, Afeganistão e provavelmente na Líbia serão responsáveis pelo dispêndios de trilhões de dólares do tesouro. O custo da divida publica americana alcançou no último período o patamar de 97% do PIB, próximo a quinze trilhões de dólares. O Governo Obama viveu no mês de agosto a mais seria crise fiscal de toda historia Americana. A incapacidade de honrar compromissos financeiros com credores internos e externos, levou o governo a aumentar o nível de endividamento da economia, que muito em breve será novamente majorado, em se mantendo a politica de guerra, de bases militares e ocupações americana.

As medidas tomadas nos últimos dias pelo Congresso Americano foram no sentido de cortar gastos em investimentos em saúde e educação, mantendo intocável os interesses das grandes fortunas e dos grandes grupos econômicos. A tendencia da economia Americana é entrar em recessão, aumentando o desemprego e piorando as condições sociais de grande parte da população, fundamentalmente dos trabalhadores, hispânicos, negros e pobres da sociedade. Os deficit gêmeos (deficit publico, e deficit em transações correntes) da economia americana são pilares da decadência do país.

Um mundo multipolar

Desde o final da segunda guerra mundial, a nação americana manteve sua hegemonia crescente. A partir de uma concertação internacional, os sucessivos governos estadunidense criaram vários mecanismos de controle econômico, politico, militar e diplomático, como forma de hegemonizar e dominar, a partir de seus interesses estratégicos, países, regiões e continentes. Os organismos multilaterais (FMI, BIRD, ONU, OTAN), o acordo de Bretton Hudson, que impôs ao mundo uma única moeda conversível e sem lastro, são exemplos do aumento exponencial da hegemonia Americana neste período histórico.

Nestes dez anos, desde o 11 de setembro de 2001, o mundo unipolar e unilateral vem adquirindo uma nova conformação. Nações que representavam uma parcela de países subdesenvolvidos a exemplo de China, Brasil, Africa do Sul, Índia e Rússia adquiriram neste período uma nova dimensão econômica e politica. A evolução destas nações vem alterando substancialmente a face do mundo. A tendencia multipolar é, a cada dia, mais forte e definitiva. A necessidade de uma nova governança, de uma nova ordem internacional, que leve em conta os interesses de povos e nações, é uma tendencia cada dia mais presente no processo da recente história.

Neste novo cenário internacional, o Brasil desenvolve uma politica externa mais soberana e menos dependente dos interesses e objetivos americano. A consolidação da América latina como um novo polo internacional, sob a hegemonia brasileira; as relações sul – sul; o combate à Alca e ao consenso de Washington; o aprofundamento da democracia brasileira e a novíssima tendencia de um mundo multipolar são, também, pilares da decadência Americana.

A decadência inevitável

Finalmente podemos afirmar que, passado dez anos, desde os ataques às torres gêmeas e ao Pentágono, em 11 de setembro de 2001, o imperialismo Americano vem perdendo força numa nova ordem mundial. A decadência Americana ainda não atingiu os pilares mais profundos da sua hegemonia. Entretanto, podemos afirmar que os Estados unidos vem perdendo relativa força politica e econômica. Contudo, se a situação internacional conspira contra os interesses hegemônicos dos Estados Unidos, a situação de crise interna é mais evidente. A divisão do país em polos antagônicos; o aumento da influencia politica de setores conservadores na vida do país; a influencia crescente da religião cristã ortodoxa na politica americana; a necessidade de sair da crise a qualquer custo, tornam o mundo mais perigoso e incerto. A decadência americana é inevitável, porém, com qual custo humanitário?


Dez anos depois, o imperialismo americano perde força e hegemonia. Junto aos destroços das torres gêmeas agoniza o sonho Americano.

Gilson Reis, professor, especialista em economia do trabalaho pela Unicamp e presidente do Sinpro Minas.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Centrais Sindicais lutam por Piso Salarial Estadual


As principais Centrais Sindicais do Estado (Força Sindical, CGTB, CUT, NCST, UGT e CTB) lançam, nesta segunda-feira (23), uma campanha pela aprovação de um Projeto Lei de Iniciativa Popular que prevê a instituição de um Piso Salarial Estadual para Minas Gerais. O evento terá início às 9h e acontecerá na sede do Sindicato dos Comerciários de Belo Horizonte (SEC). Contará com a presença de diversos movimentos populares, além de personalidades políticas de vários partidos. Após o evento, ao meio dia, todos sairão em passeata até a Praça Sete, onde se dará início à coleta de assinaturas pela a aprovação do projeto, com o objetivo de sensibilizar o Governo Estadual e demais parlamentares sobre a importância da causa.

Os principais propósitos do projeto são melhorar as condições de vida dos que recebem os menores salários, assim como fortalecer o mercado interno mineiro. Para tanto, sua elaboração contou com o apoio institucional e o embasamento técnico do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), além de centenas de sindicatos, federações e movimentos sociais.

Entre os convidados para debater o assunto no plenário de lançamento da campanha estão os deputados estaduais Rogério Correia (PT) e Celinho do Sinttrocel (PCdoB). Ambos possuem projetos de implementação do piso estadual em tramitação na Assembléia Legislativa e têm participado ativamente da organização da campanha.

Também estarão presentes os técnicos do DIEESE que participaram da elaboração do projeto de lei. Eles farão um exposição dos fatores socioeconômicos de Minas, que apesar de ser um dos estados mais ricos do Brasil, ainda enfrenta grandes problemas de distribuição de renda.

Experiências de pisos salariais semelhantes já foram postas em prática, com êxito, em vários outros estados, tais como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. Em Santa Catarina, último estado a adotar um piso salarial específico, a implementação da medida só foi possível por meio da ação do movimento sindical da região junto à população e a coleta de aproximadamente 50 mil assinaturas.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ministro do STJ vota contra pedido de Dantas para anular Satiagraha





RUBENS VALENTE














O ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Gilson Dipp votou nesta quinta-feira, em sessão na 5ª Turma do tribunal, pela legalidade da Operação Satiagraha, em oposição ao pedido do banqueiro Daniel Dantas, que pretende anular todo o caso por meio de um habeas corpus impetrado no tribunal em 2009.

O julgamento, contudo, foi suspenso porque a ministra Laurita Vaz pediu vistas do processo (tempo para analisar melhor os documentos).

Relator no STJ considera ilegal participação da Abin na Satiagraha
Procuradoria defende fim de ação contra Daniel Dantas

Com o voto de Dipp, o placar agora é de dois votos a favor da tese de defesa de Daniel Dantas e um contrário. A 5ª Turma é formada por cinco ministros.

A tese da de Dantas obteve os votos do relator, Adilson Vieira Macabu, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que atua no STJ como ministro convocado, e do ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Faltam os votos de Laurita Vaz e Jorge Mussi.

A Satiagraha foi desencadeada em 2008 pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal e resultou em pelo menos cinco inquéritos policiais e em uma condenação do banqueiro, pela 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, pelo suborno de um delegado da Polícia Federal --a defesa de Dantas recorreu da decisão.

Dantas e outros funcionários do Opportunity foram indiciados pela PF e denunciados pelo Ministério Público Federal em outro inquérito, que tratou de supostos crimes contra o sistema financeiro nacional. O processo que tramita no STJ pode, em tese, afetar todas essas investigações.

No primeiro trimestre de 2008, poucos meses antes da deflagração da operação, o delegado da PF Protógenes Queiroz, então coordenador da investigação no âmbito da PF, recorreu à ajuda de equipes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para leitura e análise de e-mails, transcrição de interceptações telefônicas feitas com ordem judicial e notícias de imprensa.

No voto que proferiu hoje, Dipp afirmou que o apoio prestado pela Abin durante a operação não é capaz de levar à ilegalidade da operação. A íntegra do voto de Dipp, contudo, não havia sido disponibilizada pelo STJ à imprensa até às 19h30.

Apenas trechos do voto foram divulgados pelo site do STJ. Segundo o texto da assessoria de imprensa do tribunal, Dipp considerou que "não é impossível a cessão de servidores, técnicos e material da Abin para atuação conjunta com a Polícia Federal.

Ambas orientam-se naturalmente pela preservação de bens públicos. No entanto, segundo o magistrado, tais servidores e técnicos devem estar submetidos a controle do responsável pela direção do inquérito. Somente a ausência caracterizaria ilicitude capaz de resultar em prova ilícita."

Ainda segundo a assessoria do STJ, o ministro Dipp "destacou, ainda, que para saber se os limites constitucionais foram excedidos, seria necessário avaliar miudamente as provas da investigação. Por fim, disse que concluir se as investigações são frutos de condutas ilícitas é incompatível com a ação de habeas corpus, pois seria necessária análise aprofundada das provas. Por essas razões, ele votou para rejeitar o pedido de Dantas."

As inúmeras investigações, administrativas e policiais, desencadeadas desde então contra o delegado e outros investigadores do caso não demonstraram que os agentes da Abin tenham feito alguma escuta telefônica ou tenham tomado depoimento de algum investigado, que são atos próprios da polícia ou do Ministério Público.

A participação da Abin na investigação já foi tema, em 2009, de uma decisão colegiada no TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região (São Paulo e Mato Grosso do Sul). Os desembargadores decidiram que não houve ofensa à legislação.

Em outro processo aberto também a respeito do assunto, o subprocurador-geral da República Wagner Gonçalves da PGR (Procurador Geral da República) também afirmou, em parecer, que não havia ilegalidade, pois a Abin não desempenhou nenhuma atividade, durante a Satiagraha, que se confunda com o papel de polícia.

Mesmo assim, a defesa do banqueiro voltou a apresentar a argumentação no STJ, por meio de um habeas corpus.

Em 1º de março último, apoiado por um parecer favorável do subprocurador-geral da República que atua no caso, Eduardo Antônio Dantas Duarte, o relator Adilson Vieira Macabu opinou pela ilegalidade de toda a operação.

O ministro Dipp então pediu vistas do processo e hoje apresentou seu voto. Não há prazo específico para que a ministra Laurita Vaz coloque novamente o assunto em pauta na 5ª Turma.

terça-feira, 3 de maio de 2011

barbárie e a estupidez jornalística




Reproduzo artigo de Elaine Tavares

Imaginem vocês se um pequeno operativo do exército cubano entrasse em Miami e atacasse a casa onde vive Posada Carriles, o terrorista responsável pela explosão de várias bombas em hotéis cubanos e pela derrubada de um avião que matou 73 pessoas. Imagine que esse operativo assassinasse o tal terrorista em terras estadunidenses. Que lhes parece que aconteceria?

O mundo inteiro se levantaria em uníssono condenado o ataque. Haveria especialistas em direito internacional alegando que um país não pode adentrar com um grupo de militares em outro país livre, que isso se configura em quebra da soberania, ou ato de guerra. Possivelmente Cuba seria retaliada e, com certeza, invadida por tropas estadunidenses por ter cometido o crime de invasão. Seria um escândalo internacional e os jornalistas de todo mundo anunciariam a notícia como um crime bárbaro e sem justificativa.

Mas, como foi os Estados Unidos que entrou no Paquistão, isso parece coisa muito natural. Nenhuma palavra sobre quebra de soberania, sobre invasão ilegal, sobre o absurdo de um assassinato. Pelo que se sabe, até mesmo os mais sanguinários carrascos nazistas foram julgados. Osama não. Foi assassinato e o Prêmio Nobel da Paz inaugurou mais uma novidade: o crime de vingança agora é legal. Pressuposto perigoso demais nestes tempos em que os EUA são a polícia do mundo.

Agora imagine mais uma coisa insólita. O governo elege um inimigo número um, caça esse inimigo por uma década, faz dele a própria imagem do demônio, evitando dizer, é claro, que foi um demônio criado pelo próprio serviço secreto estadunidense. Aí, um belo dia, seus soldados aguerridos encontram esse homem, com toda a sede de vingança que lhes foi incutida. E esses soldados matam o “demônio”. Então, por respeito, eles realizam todos os preceitos da religião do “demônio”. Lavam o corpo, enrolam em um lençol branco e o jogam no mar. Ora, se era Osama o próprio mal encarnado, porque raios os soldados iriam respeitar sua religião? Que história mais sem pé e sem cabeça.

E, tendo encontrado o inimigo mais procurado, nenhuma foto do corpo? Nenhum vestígio? Ah, sim, um exame de DNA, feito pelos agentes da CIA. Bueno, acredite quem quiser.

O mais vexatório nisso tudo é ouvir os jornalistas de todo mundo repetindo a notícia sem que qualquer prova concreta seja apresentada. Acreditar na declaração de agentes da CIA é coisa muito pueril. Seria ingênuo se não se soubesse da profunda submissão e colonialismo do jornalismo mundial.

Olha, eu sei lá, mas o que vi ontem na televisão chegou às raias do absurdo. Sendo verdade ou mentira o que aconteceu, ambas as coisas são absolutamente impensáveis num mundo em que imperam o tal do “estado de direito”. Não há mais limites para o império. Definitivamente são tempos sombrios. E pelo que se vê, voltamos ao tempo do farwest, só que agora, o céu é o limite. Pelo menos para o império. Darth Vader é fichinha!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

mídia lamenta “esfarelamento” da direita





Artigo: Altamiro Borges:




A mídia demotucana está apavorada com o esfarelamento dos partidos da direita nativa. Editorialistas e “calunistas” tentam entender o que se Visualizarpassa. Como autêntico partido da oposição, conforme confessou no ano passado Judith Brito, executiva da Folha e presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), a mídia teme ficar ainda mais isolada.

Em seu editorial de hoje, O Globo parte para o desespero. Ele critica os “oposicionistas inseguros que debandam em busca do remanso no bloco situacionista”. O alvo da sua ira é o PSD, “legenda de conveniência do prefeito Gilberto Kassab”. Acuado, o jornalão da famiglia Marinho prega abertamente a cassação dos mandatos dos “adesistas”.

“Não se nota qualquer forte justificativa para a Justiça permitir que a fidelidade partidária seja atropelada nesse surto de adesismo”, esbraveja O Globo. O seu temor é com a ampliação da base de apoio do governo Dilma, que “contraria a vontade do eleitor”, alega o jornal, o mesmo que apoiou o golpe militar e tantas outras tramóias. Haja cinismo!

Folha chora “revoada da oposição”

No mesmo rumo, editorial da Folha lastima a “revoada na oposição”. Para a famiglia Frias, “a saída de seis vereadores do PSDB paulistano evidencia conflito Alckmin-Kassab e amplia o desgaste entre oponentes do governo federal”. O jornal até trata a briga como “paroquial e provinciana”, mas reconhece que a oposição vive uma situação “desesperante”.

“O racha no partido e a exposição agora aberta da rivalidade entre Alckmin e Kassab dificultam eventual candidatura de José Serra em 2012. Citado como único nome capaz de ainda unir prefeito e governador na sucessão municipal, Serra encontrará no quintal de sua própria casa um terreno mais minado do que imaginava”, aponta o jornal serrista.

Desespero dos serviçais de FHC

Os sinais de desespero da mídia são risíveis. A cada nova desgraça – demos e tucanos ingressam no PSD, Alckmin e Serra se bicam com violência, Aécio é detido em blitz policial –, a mídia demotucana se contorce. Alguns colunistas inclusive já decretaram o “desmanche da oposição”, a sua falência múltipla e completa.

Rubens Barbosa, ex-embaixador de FHC em Washington, colunista do Estadão e estrela da TV Globo, é um dos mais deprimidos. Em artigo publicado hoje no Estadão, ele choraminga: “As três últimas derrotas do PSDB em eleições presidenciais deixaram a oposição sem discurso e sem bandeiras – como a modernização do país e as privatizações –, cujos resultados positivos foram renegados três vezes, pelo próprio partido, durante as campanhas eleitorais”.

A mídia é a verdadeira oposição

Ele até reforça a tese de Judith Brito. “De maneira competente, o governo do PT ocupou todos os espaços políticos. A oposição, reduzida aos pronunciamentos parlamentares, teve pouca relevância e influência no processo político, pela dificuldade de ser ouvida pela sociedade. O papel da oposição, em larga medida, foi representado pela mídia”.

Mais resignado, Fernando de Barros e Silva, colunista da Folha, até zomba da crise demotucana. “Roupa suja se lava em casa. Sim, mas a oposição já não tem roupa, está pelada no meio da rua, exibindo a sua crise em praça pública. Perdeu, literalmente, a vergonha de mostrar seus vexames. A nudez é tanto do DEM quanto do PSDB”.

Para ele, o “esfarelamento da oposição” é inevitável e o clima de guerra entre os demotucanos deve piorar ainda mais. Como prova, ele cita a reação furiosa do demo-ruralista Ronaldo Caiado, que disparou no seu twitter: “Que os coveiros fracassados sigam o caminho adesista e de traição”. A mídia chora, mas não deixa de ser divertida a briga da direita!

quarta-feira, 30 de março de 2011

Data incômoda para a direita


por: Emir Sader


A cada ano, quando nos aproximamos da data do golpe de 1964, uma sensação incômoda se apossa da direita – dos partidos, políticos e dos seus meios de comunicação. O que fazer? Que atitude tomar? Fingir que não acontece nada, abordar de maneira “objetiva”, como se eles não tivessem estado comprometidos com a brutal ruptura da democracia no momento mais negativo da história brasileira ou abordar como se tivessem sido vítimas do regime que ajudaram a criar? Difícil e incômoda a situação, porque a imprensa participou ativamente, como militância politica, da preparação do golpe, ajudando a criar um falso clima tanto de que o Brasil estivesse sob risco iminente de uma ruptura da democracia por parte da esquerda, como do falso isolamento do governo Jango. Pregaram o golpe, mobilizaram para as Marchas da Família, com Deus, pela Liberdade, convocadas pela Igreja, tentaram passar a ideia de que se tratava de um movimento democrático contra riscos de ditadura e promoveram a maior ruptura da democracia que o Brasil conheceu e a chegada ao poder da pior ditadura que conhecemos. Na guerra fria, a imprensa brasileira esteve plenamente alinhada com a politica norteamericana da luta contra a “subversão” contra o “comunismo”, isto é, com o radicalismo de direita, com as posições obscurantistas e contrárias à democracia, estabelecida com grande esforço no Brasil. Estiveram em todas as tentativas de golpe contra Getúlio e contra JK. Em suma, a posição golpista da imprensa brasileira em 1964 não foi um erro ocasional, um acidente de percurso, mas a decorrência natural do alinhamento na guerra fria com as forças pró-EUA e que se opuseram com todo empenho ao processo de democratização que o Brasil viveu na década de 1950. Deve prevalecer um misto de atitude envergonhada de não dar muito destaque ao tema, com matérias que pretendam renovar a ideia equivocada de que a imprensa foi vitima da ditadura – quando foi algoz, aliado, fator no desencadeamento do golpe e da ditadura. (O livro de Beatriz Kushnir, Cães de guarda, da Boitempo, continua a ser leitura indispensável para uma visão real do papel da mídia no golpe e na ditadura.) Promoveu o golpe, saudou a instalação da ditadura e a ruptura da democracia, tratou de acobertar isso como se tivesse sido um movimento democrático, encobriu a repressão fazendo circular as versões falsas da ditadura, elogiou os ditadores, escondeu a resistência democrática, classificou as ações desta resistência como terroristas – em suma, foi instrumento do regime de terror contra a democracia. Por isso a data é incômoda para a direita, mas especialmente para a imprensa, que quer passar por arauto da democracia, por ombudsman das liberdades politicas. Quem são os Mesquitas, os Frias, os Marinhos, os Civitas, para falar em nome da democracia? Por isso escondem, envergonhados, seu passado, buscam a falta de memória do povo, para que não saibam seu papel a favor da ditadura e contra a democracia, no momento mais importante da história brasileira. Por isso tem que ressoar sempre nos ouvidos de todos a pergunta: Onde você estava no golpe de 1964? Emir Sader, sociólogo e cientista, mestre em filosofia política e doutor em ciência política pela USP – Universidade de São Paulo.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Educação não é negócio nem espaço de repressão



O atual processo de negociação entre professores e donos de escolas particulares tem deixado expostas mais que divergências entre percentuais de reajustes e benefícios: demonstra a profunda diferença de concepção sobre educação e relações de trabalho entre aqueles que praticam a educação e os que lucram com ela.

Segundo orientação às direções de escolas em nota publicada pelo Sinep/MG, no dia 21/3, na véspera da assembléia geral da categoria, sob o título O negócio é a negação do ócio, o patronal volta a atacar o movimento dos professores, sintomaticamente usando uma frase ícone do nazismo: “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. É este o caminho apresentado pelos donos de escolas, diante de um processo reivindicatório justo e democrático.

O documento desqualifica a greve e tenta relacioná-la ao ócio. Chega ao absurdo de recomendar às escolas que impeçam a entrada de diretores do sindicato e termina com uma ameaça velada, dizendo que a paralisação poderá prejudicar “até o professor”.

O texto, além de desrespeitar os professores e afrontar o direito constitucional de organização e manifestação dos trabalhadores, estimula a já frequente prática de assédio moral e pressão nas escolas. Deve ser condenado, portanto, por todos aqueles preocupados com a manutenção de um ambiente escolar saudável, voltado para a qualidade do ensino.

É bom ressaltar que se enganam aqueles que pensam que uma greve é um instante de descanso e lazer. Ao contrário, é um momento de exercício de cidadania e de trabalho, para si e para a categoria, e o instrumento legítimo de mobilização diante deste cenário de impasse nas negociações.

Além disso, os números oficiais da economia colocam em suspeição o aludido risco de insolvência das escolas. Em 2010, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 7,5%, o maior percentual em mais de 20 anos. De acordo com projeções do governo, neste ano a expansão deve ser de cerca de 5%.

No ano passado, a economia brasileira gerou 2,55 milhões de postos de trabalho, um recorde no país, e, de acordo com o IBGE, o rendimento do trabalhador atingiu o seu maior patamar nos últimos sete anos. O valor de R$ 1.490,61, média calculada para 2010, representa um ganho de 3,8% em relação a 2009 e de 19% desde 2003.

Conforme divulgado nesta quarta-feira (23/3), em jornal de circulação nacional, o Ministério do Trabalho informou que foram criados 448 mil empregos formais no primeiro bimestre deste ano, um recorde para o período. A taxa de desemprego medida pelo IBGE nas seis principais regiões metropolitanas se aproxima de 6%, a menor da série histórica. Além disso, há uma aceleração dos ganhos salariais acima da inflação.

Dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) mostram que 89% das 700 negociações salariais conduzidas em 2010 conseguiram reajustes acima do INPC.

São indicadores que ilustram com clareza o fato de que a economia brasileira vive um momento extremamente favorável, com crescimento das atividades econômicas e da massa salarial da população. Tanto é que, para acompanhar esse ritmo, as mensalidades escolares foram reajustadas, de um modo geral, em índices bem superiores ao da inflação, e as instituições de ensino anunciam, com frequência, expansão dos “negócios”.

Ao contrário da imagem vazia que o patronal faz do setor público, o Sinpro Minas entende que a educação ofertada pelo Estado apresenta características que deveriam servir de paradigma ao setor privado, como a liberdade de organização, a estabilidade no emprego, os investimentos em pesquisa e extensão e em salários, no caso do ensino superior, entre outras.

Também não é verdade, como tenta fazer crer a nota, que os salários dos professores da rede privada situam-se “num patamar alcançado só por algumas poucas categorias profissionais”. A categoria vem sofrendo, há anos, a desvalorização salarial, a intensificação das atividades e a precarização das condições de trabalho.

Segundo estudo feito com base em dados do IBGE, o salário médio de um professor da educação básica é 40% menor que a remuneração de um trabalhador com o mesmo nível de ensino. Portanto, conceder reajuste de apenas 6,53% (INPC) para quem ganha acima do piso, e de 7,5% para quem o recebe, como prevê a proposta patronal, é ignorar a realidade socioeconômica brasileira e não valorizar a categoria.

Se o Sinep/MG acredita mesmo que os docentes são o principal agente da educação, como afirmou em nota, não há motivos para deixar de atender as reivindicações apresentadas (12% de reajuste salarial, equiparação dos pisos da educação infantil, regulamentação da educação a distância, entre outras) que resultam em valorização profissional e melhoria da qualidade de ensino. Não atendê-las é no mínimo contraditório.

Dessa forma, o Sinpro Minas lamenta e repudia a forma autoritária como o patronal vem tratando o movimento grevista. Propor “conter toda tentativa de paralisação”, como faz a nota, é sufocar o diálogo e estabelecer como prioridade a mercantilização da educação, em detrimento da democracia nas instituições de ensino e da qualidade do ensino. Paz sem voz não é paz, é medo!

Portanto, para o bem dos alunos, dos pais e, principalmente, dos professores, o Sinpro Minas conclama a todos que apoiem a greve da categoria, para que possamos pressionar os donos de escolas e negociar um acordo pautado no respeito e na valorização do profissional da educação, tão necessário ao futuro do Brasil.


Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro Minas)