Dez anos se passaram desde o dia onze de setembro de 2001 até hoje. O mundo estarrecido e de olhos arregalados diante das imagens transmitidas em tempo real, que mais pareciam roteiro de filme Hollywoodiano. As torres gêmeas atingidas violentamente por aviões de carreira, lotados de passageiros, caiam como um castelo de cartas. O ataque ao todo poderoso pentágono lembrava Roma em chamas. Naquela situação imponderável, pensávamos todos: quantos aviões haveriam ainda de mergulhar no sonho americano de nação impenetrável, arrogante e prepotente?
Não muito longe dali, o Presidente George W. Bush ministrava aula para crianças de uma pré-escola de classe media americana. Informado dos acontecimentos, a reação serena de Bush filho, levava a crer que o ataque, embora estarrecedor, era um acontecimento esperado pelos falcões, que sem rumo politico, comandavam os destinos da nação americana. Grupo de concepção cristã ortodoxa, de grande impeto militarista e de profundo apreço pelo controle das reservas petrolíferas mundo afora, tinha no acontecimento a redenção.
È importante lembrar que os falcões, grupo ideológico, com profundo viés religioso, que governavam os Estados Unidos no momento do ataque às torres gêmeas, foram derrotados nas eleições presidenciais de 2000 pelo candidato, Al Gore. Democrata, ambientalista, ligado a setores e organizações sociais, deveria suceder ao Presidente Bill Clinton. As eleições que levaram os falcões ao poder foram a mais tumultuada da historia da republica Norte Americana. Todos os dados apontavam para a derrota de Bush, no entanto as grandes corporações financeiras, petrolíferas, armamentistas, depois de semanas de pressão, conseguiram nos tribunais derrotar os democratas e colocar a faixa presidencial no peito do mais despreparado governante dos Estados Unidos da América.
Guerra infinita e permanente
A reposta do governo Bush e dos falcões, foi decretar ao mundo a doutrina de guerra preventiva e infinita contra os países e povos considerados como eixo do mal. Quem não está com os EUA está contra, decretou o monarca W.Bush. Várias nações entraram na mira do império, Cuba, Venezuela, Coreia do Norte, Irã. Contudo, era necessário demonstrar força, poderio militar para alcançar uma vitória rápida, implacável e inquestionável da máquina de guerra dos Estados Unidos. Mesmo sem a permissão do Conselho de Segurança da ONU e de forma unilateral, os Estados Unidos ocuparam o Iraque. Nação do Oriente próximo, destruída por duas décadas de guerras, incluindo uma contra o próprio EUA.
Em poucos dias o país é severamente bombardeado e ocupado. A vitória aos olhos dos falcões estava próxima, porém, passados oito anos desde a ocupação militar, milhares de mortos contabilizados de ambas as partes, em número muito maior de iraquianos. Um gasto estimado em quatro trilhões d e dólares, responsável em grande parte pelos déficits do tesouro americano; rompimento intolerável com princípios de direitos humanos e a tortura praticada pelos soldados americanos contra o povo iraquiano são a expressão definitiva de degeneração do império. A ocupação Americana no Iraque confrontou objetivamente e subjetivamente contra duas tendencias históricas; incapacidade do invasor em reconhecer a soberania e auto determinação dos povos e a resposta afirmativa e heroica do invadido de pertencimento a um povo e a uma nação. A atitude de reação demonstrada nos últimos oito anos pelos iraquianos, contra a ocupação estrangeira, confirma isto.
A retirada das tropas americana do Iraque é questão de tempo. Com a morte de Sadan Hussein, os Xiitas do Iraque aproximam-se cada vez mais dos Xiitas do Irã. O Afeganistão, país também ocupado pelo governo Bush, trava ha quarenta anos guerra contra as principais potencias bélicas do mundo. Com o assassinato de Bin Laden ocorreu uma aproximação do Paquistão, nação que detêm a bomba atômica e milhões de habitantes e grupos radicias, com outras nações islâmicas. A ocupação desastrada do Iraque, a derrota da doutrina Bush e as consequências a curto e médio prazo do conflito entre o ocidente e o oriente e entre cristãos e islâmicos são pilares da decadência estadunidense.
A crise fiscal
O imperialismo estadunidense, para manter a hegemonia geopolítica internacional possui centenas de bases militares mundo afora. Milhares de soldados são pagos com recursos públicos para sustentar a influencia politica, econômica e militar americana. As ocupações no Iraque, Afeganistão e provavelmente na Líbia serão responsáveis pelo dispêndios de trilhões de dólares do tesouro. O custo da divida publica americana alcançou no último período o patamar de 97% do PIB, próximo a quinze trilhões de dólares. O Governo Obama viveu no mês de agosto a mais seria crise fiscal de toda historia Americana. A incapacidade de honrar compromissos financeiros com credores internos e externos, levou o governo a aumentar o nível de endividamento da economia, que muito em breve será novamente majorado, em se mantendo a politica de guerra, de bases militares e ocupações americana.
As medidas tomadas nos últimos dias pelo Congresso Americano foram no sentido de cortar gastos em investimentos em saúde e educação, mantendo intocável os interesses das grandes fortunas e dos grandes grupos econômicos. A tendencia da economia Americana é entrar em recessão, aumentando o desemprego e piorando as condições sociais de grande parte da população, fundamentalmente dos trabalhadores, hispânicos, negros e pobres da sociedade. Os deficit gêmeos (deficit publico, e deficit em transações correntes) da economia americana são pilares da decadência do país.
Um mundo multipolar
Desde o final da segunda guerra mundial, a nação americana manteve sua hegemonia crescente. A partir de uma concertação internacional, os sucessivos governos estadunidense criaram vários mecanismos de controle econômico, politico, militar e diplomático, como forma de hegemonizar e dominar, a partir de seus interesses estratégicos, países, regiões e continentes. Os organismos multilaterais (FMI, BIRD, ONU, OTAN), o acordo de Bretton Hudson, que impôs ao mundo uma única moeda conversível e sem lastro, são exemplos do aumento exponencial da hegemonia Americana neste período histórico.
Nestes dez anos, desde o 11 de setembro de 2001, o mundo unipolar e unilateral vem adquirindo uma nova conformação. Nações que representavam uma parcela de países subdesenvolvidos a exemplo de China, Brasil, Africa do Sul, Índia e Rússia adquiriram neste período uma nova dimensão econômica e politica. A evolução destas nações vem alterando substancialmente a face do mundo. A tendencia multipolar é, a cada dia, mais forte e definitiva. A necessidade de uma nova governança, de uma nova ordem internacional, que leve em conta os interesses de povos e nações, é uma tendencia cada dia mais presente no processo da recente história.
Neste novo cenário internacional, o Brasil desenvolve uma politica externa mais soberana e menos dependente dos interesses e objetivos americano. A consolidação da América latina como um novo polo internacional, sob a hegemonia brasileira; as relações sul – sul; o combate à Alca e ao consenso de Washington; o aprofundamento da democracia brasileira e a novíssima tendencia de um mundo multipolar são, também, pilares da decadência Americana.
A decadência inevitável
Finalmente podemos afirmar que, passado dez anos, desde os ataques às torres gêmeas e ao Pentágono, em 11 de setembro de 2001, o imperialismo Americano vem perdendo força numa nova ordem mundial. A decadência Americana ainda não atingiu os pilares mais profundos da sua hegemonia. Entretanto, podemos afirmar que os Estados unidos vem perdendo relativa força politica e econômica. Contudo, se a situação internacional conspira contra os interesses hegemônicos dos Estados Unidos, a situação de crise interna é mais evidente. A divisão do país em polos antagônicos; o aumento da influencia politica de setores conservadores na vida do país; a influencia crescente da religião cristã ortodoxa na politica americana; a necessidade de sair da crise a qualquer custo, tornam o mundo mais perigoso e incerto. A decadência americana é inevitável, porém, com qual custo humanitário?
Não muito longe dali, o Presidente George W. Bush ministrava aula para crianças de uma pré-escola de classe media americana. Informado dos acontecimentos, a reação serena de Bush filho, levava a crer que o ataque, embora estarrecedor, era um acontecimento esperado pelos falcões, que sem rumo politico, comandavam os destinos da nação americana. Grupo de concepção cristã ortodoxa, de grande impeto militarista e de profundo apreço pelo controle das reservas petrolíferas mundo afora, tinha no acontecimento a redenção.
È importante lembrar que os falcões, grupo ideológico, com profundo viés religioso, que governavam os Estados Unidos no momento do ataque às torres gêmeas, foram derrotados nas eleições presidenciais de 2000 pelo candidato, Al Gore. Democrata, ambientalista, ligado a setores e organizações sociais, deveria suceder ao Presidente Bill Clinton. As eleições que levaram os falcões ao poder foram a mais tumultuada da historia da republica Norte Americana. Todos os dados apontavam para a derrota de Bush, no entanto as grandes corporações financeiras, petrolíferas, armamentistas, depois de semanas de pressão, conseguiram nos tribunais derrotar os democratas e colocar a faixa presidencial no peito do mais despreparado governante dos Estados Unidos da América.
Guerra infinita e permanente
A reposta do governo Bush e dos falcões, foi decretar ao mundo a doutrina de guerra preventiva e infinita contra os países e povos considerados como eixo do mal. Quem não está com os EUA está contra, decretou o monarca W.Bush. Várias nações entraram na mira do império, Cuba, Venezuela, Coreia do Norte, Irã. Contudo, era necessário demonstrar força, poderio militar para alcançar uma vitória rápida, implacável e inquestionável da máquina de guerra dos Estados Unidos. Mesmo sem a permissão do Conselho de Segurança da ONU e de forma unilateral, os Estados Unidos ocuparam o Iraque. Nação do Oriente próximo, destruída por duas décadas de guerras, incluindo uma contra o próprio EUA.
Em poucos dias o país é severamente bombardeado e ocupado. A vitória aos olhos dos falcões estava próxima, porém, passados oito anos desde a ocupação militar, milhares de mortos contabilizados de ambas as partes, em número muito maior de iraquianos. Um gasto estimado em quatro trilhões d e dólares, responsável em grande parte pelos déficits do tesouro americano; rompimento intolerável com princípios de direitos humanos e a tortura praticada pelos soldados americanos contra o povo iraquiano são a expressão definitiva de degeneração do império. A ocupação Americana no Iraque confrontou objetivamente e subjetivamente contra duas tendencias históricas; incapacidade do invasor em reconhecer a soberania e auto determinação dos povos e a resposta afirmativa e heroica do invadido de pertencimento a um povo e a uma nação. A atitude de reação demonstrada nos últimos oito anos pelos iraquianos, contra a ocupação estrangeira, confirma isto.
A retirada das tropas americana do Iraque é questão de tempo. Com a morte de Sadan Hussein, os Xiitas do Iraque aproximam-se cada vez mais dos Xiitas do Irã. O Afeganistão, país também ocupado pelo governo Bush, trava ha quarenta anos guerra contra as principais potencias bélicas do mundo. Com o assassinato de Bin Laden ocorreu uma aproximação do Paquistão, nação que detêm a bomba atômica e milhões de habitantes e grupos radicias, com outras nações islâmicas. A ocupação desastrada do Iraque, a derrota da doutrina Bush e as consequências a curto e médio prazo do conflito entre o ocidente e o oriente e entre cristãos e islâmicos são pilares da decadência estadunidense.
A crise fiscal
O imperialismo estadunidense, para manter a hegemonia geopolítica internacional possui centenas de bases militares mundo afora. Milhares de soldados são pagos com recursos públicos para sustentar a influencia politica, econômica e militar americana. As ocupações no Iraque, Afeganistão e provavelmente na Líbia serão responsáveis pelo dispêndios de trilhões de dólares do tesouro. O custo da divida publica americana alcançou no último período o patamar de 97% do PIB, próximo a quinze trilhões de dólares. O Governo Obama viveu no mês de agosto a mais seria crise fiscal de toda historia Americana. A incapacidade de honrar compromissos financeiros com credores internos e externos, levou o governo a aumentar o nível de endividamento da economia, que muito em breve será novamente majorado, em se mantendo a politica de guerra, de bases militares e ocupações americana.
As medidas tomadas nos últimos dias pelo Congresso Americano foram no sentido de cortar gastos em investimentos em saúde e educação, mantendo intocável os interesses das grandes fortunas e dos grandes grupos econômicos. A tendencia da economia Americana é entrar em recessão, aumentando o desemprego e piorando as condições sociais de grande parte da população, fundamentalmente dos trabalhadores, hispânicos, negros e pobres da sociedade. Os deficit gêmeos (deficit publico, e deficit em transações correntes) da economia americana são pilares da decadência do país.
Um mundo multipolar
Desde o final da segunda guerra mundial, a nação americana manteve sua hegemonia crescente. A partir de uma concertação internacional, os sucessivos governos estadunidense criaram vários mecanismos de controle econômico, politico, militar e diplomático, como forma de hegemonizar e dominar, a partir de seus interesses estratégicos, países, regiões e continentes. Os organismos multilaterais (FMI, BIRD, ONU, OTAN), o acordo de Bretton Hudson, que impôs ao mundo uma única moeda conversível e sem lastro, são exemplos do aumento exponencial da hegemonia Americana neste período histórico.
Nestes dez anos, desde o 11 de setembro de 2001, o mundo unipolar e unilateral vem adquirindo uma nova conformação. Nações que representavam uma parcela de países subdesenvolvidos a exemplo de China, Brasil, Africa do Sul, Índia e Rússia adquiriram neste período uma nova dimensão econômica e politica. A evolução destas nações vem alterando substancialmente a face do mundo. A tendencia multipolar é, a cada dia, mais forte e definitiva. A necessidade de uma nova governança, de uma nova ordem internacional, que leve em conta os interesses de povos e nações, é uma tendencia cada dia mais presente no processo da recente história.
Neste novo cenário internacional, o Brasil desenvolve uma politica externa mais soberana e menos dependente dos interesses e objetivos americano. A consolidação da América latina como um novo polo internacional, sob a hegemonia brasileira; as relações sul – sul; o combate à Alca e ao consenso de Washington; o aprofundamento da democracia brasileira e a novíssima tendencia de um mundo multipolar são, também, pilares da decadência Americana.
A decadência inevitável
Finalmente podemos afirmar que, passado dez anos, desde os ataques às torres gêmeas e ao Pentágono, em 11 de setembro de 2001, o imperialismo Americano vem perdendo força numa nova ordem mundial. A decadência Americana ainda não atingiu os pilares mais profundos da sua hegemonia. Entretanto, podemos afirmar que os Estados unidos vem perdendo relativa força politica e econômica. Contudo, se a situação internacional conspira contra os interesses hegemônicos dos Estados Unidos, a situação de crise interna é mais evidente. A divisão do país em polos antagônicos; o aumento da influencia politica de setores conservadores na vida do país; a influencia crescente da religião cristã ortodoxa na politica americana; a necessidade de sair da crise a qualquer custo, tornam o mundo mais perigoso e incerto. A decadência americana é inevitável, porém, com qual custo humanitário?
Dez anos depois, o imperialismo americano perde força e hegemonia. Junto aos destroços das torres gêmeas agoniza o sonho Americano.
Gilson Reis, professor, especialista em economia do trabalaho pela Unicamp e presidente do Sinpro Minas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário