Desde da história do Brasil, nos primórdios do processo de socialização, de constituição de sociedades feudais brasileiras, as funções políticas e procriadoras se confundiam nas famílias colônias. O Estado era um agrupamento de famílias e os povos ligados a elas como se tivesse laços parentais. Hoje os tempos mudaram e a figura do pai também. Uma das primeiras mudanças apontadas pela sociologia clássica foi à urbanização do interior e a dispersão da família agrícola quando o pai patrão foi dispensado.
Porém na mordenidade, o pai patriarcal é um modelo vivo na mentalidade comum. Segundo o grande sociólogo Gilberto Freyre o pai de família patriarcal é caracterizado por um tripé de comportamentos: o provedor, o dominador e o agregador e os alicerces do seu poder são a monocultura, o latinfudio e a escravidão. Esse sujeito tirano era a base da família no passado e hoje sua figura quando reconhecida é ignorada tornando-se invisível dentro dos arranjos familiares modernos. Para os cientistas essa invisibilidade significa a rejeição ao personagem gerador de abusos e sofrimentos para as mulheres, filhos e agregados. Claro que a figura do pai é polêmica desde a antiguidade e em diversas obras literárias sempre foi retratada como problemática as relações dos pais com as mulheres e filhos.
"A família autoritária de outrora, triunfal ou melancólica, sucedeu a família mutilada de hoje, feita de feridas íntimas, de violências silenciosas, de lembranças recalcadas. Ao perder sua aureola de virtude, o pai que dominava, forneceu então uma imagem invertida de si mesmo, deixando transparecer um eu descentrado, autobiográfico, individualizado, cuja fratura a psicanálise tentará assumir durante o século XX". (ROUDINESCO, 2003, p 21).
O que observo é a caracterização da figura paterna tomada em discursos de certos políticos. Quem já leu Casa Grande e Senzala sabe que em sua obra Freyre elucida como a concepção patriarcal delineia a forma de ser do povo brasileiro. Para ele a figura do pai patriarcal encontrou força quando o declínio do Estado ficou evidente. Era esse pai que assistia a família e seus membros. Com a crise do pai patriarcal na família essa figura se transferiu para o Estado e é igualmente negada quando mostra a sua face controladora.
O que vejo atualmente no bombardeio de propagandas políticas é a procriação da figura de um pai. Gente hipócrita, que cerceia a liberdade e cujo governo se justifica através de uma rede de divulgações de suas benfeitorias e a invenção de mecanismos contábeis para esconder o fluxo de recursos. Ou seja, a cara de bonzinho, que luta pelos nossos direitos e que contrasta com sua trajetória na manutenção do poder, enquanto nele está, é totalmente criada e inserida repetidas vezes em canais de comunicação para lembrar o povo da figura paterna idealizada. Uma vez de volta ao poder se destituirão dessa imagem do pai dócil e provedor e continuarão com a tirania de sempre. Regulando, controlando, centralizando e destituindo as conquistas históricas de toda uma classe. Espero que todos possam enxergar para além do sorriso forçado das caricaturas desses personagens.
Gilson Reis
Porém na mordenidade, o pai patriarcal é um modelo vivo na mentalidade comum. Segundo o grande sociólogo Gilberto Freyre o pai de família patriarcal é caracterizado por um tripé de comportamentos: o provedor, o dominador e o agregador e os alicerces do seu poder são a monocultura, o latinfudio e a escravidão. Esse sujeito tirano era a base da família no passado e hoje sua figura quando reconhecida é ignorada tornando-se invisível dentro dos arranjos familiares modernos. Para os cientistas essa invisibilidade significa a rejeição ao personagem gerador de abusos e sofrimentos para as mulheres, filhos e agregados. Claro que a figura do pai é polêmica desde a antiguidade e em diversas obras literárias sempre foi retratada como problemática as relações dos pais com as mulheres e filhos.
"A família autoritária de outrora, triunfal ou melancólica, sucedeu a família mutilada de hoje, feita de feridas íntimas, de violências silenciosas, de lembranças recalcadas. Ao perder sua aureola de virtude, o pai que dominava, forneceu então uma imagem invertida de si mesmo, deixando transparecer um eu descentrado, autobiográfico, individualizado, cuja fratura a psicanálise tentará assumir durante o século XX". (ROUDINESCO, 2003, p 21).
O que observo é a caracterização da figura paterna tomada em discursos de certos políticos. Quem já leu Casa Grande e Senzala sabe que em sua obra Freyre elucida como a concepção patriarcal delineia a forma de ser do povo brasileiro. Para ele a figura do pai patriarcal encontrou força quando o declínio do Estado ficou evidente. Era esse pai que assistia a família e seus membros. Com a crise do pai patriarcal na família essa figura se transferiu para o Estado e é igualmente negada quando mostra a sua face controladora.
O que vejo atualmente no bombardeio de propagandas políticas é a procriação da figura de um pai. Gente hipócrita, que cerceia a liberdade e cujo governo se justifica através de uma rede de divulgações de suas benfeitorias e a invenção de mecanismos contábeis para esconder o fluxo de recursos. Ou seja, a cara de bonzinho, que luta pelos nossos direitos e que contrasta com sua trajetória na manutenção do poder, enquanto nele está, é totalmente criada e inserida repetidas vezes em canais de comunicação para lembrar o povo da figura paterna idealizada. Uma vez de volta ao poder se destituirão dessa imagem do pai dócil e provedor e continuarão com a tirania de sempre. Regulando, controlando, centralizando e destituindo as conquistas históricas de toda uma classe. Espero que todos possam enxergar para além do sorriso forçado das caricaturas desses personagens.
Gilson Reis
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