sábado, 23 de maio de 2009

Marcha reúne hoje 18 mil contra golpismo e por reformas



Diário Vermelho
01 /07 / 2005


Marcha reúne hoje 18 mil contra golpismo e por reformasCerca de 18 mil pessoas - entre estudantes, jovens, trabalhadores, sem-terra, sem moradia - se manifestarão nesta sexta-feira em Goiânia contra a desestabilidade do governo Lula, pela apuração dos casos de corrupção, por mudanças na política econômica e por uma reforma política democrática. A marcha foi convocada pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), integrada por UNE, CUT, MST, UBM, Conan, entre outras organizações. Será o primeiro ato político popular desde à ofensiva de setores conservadores contrários ao projeto alternativo que o governo Lula pode ainda assumir.
João Pedro Stédile, coordenador nacional do MST, esclarece que a crise não é só política. É social também. "Um dos problemas fundamentais do povo brasileiro não vem sendo resolvido de acordo com os compromissos de campanha. Então as denúncias de corrupção, criaram um processo que reafirmou as forças políticas no país". Segundo ele, estão em curso neste momento, várias articulações que, dependendo da correlação de forças na sociedade, "poderão ter diferentes desencadeamentos".



Segundo o dirigente do movimento dos trabalhadores sem-terra, que participou de entrevista coletiva à imprensa nesta quinta-feira durante o 49º Congresso da UNE, a partir de agora existem cinco hipóteses de saídas para a crise: a do impedimento da presidência; a dos tucanos de sangrar o governo Lula para ir gerando uma desestabilização política de olho nas eleições de 2006; a de aliança com PSDB, defendida pelos irmãos Viana, governador e senador pelo Acre; a de reconstruir sua governabilidade parlamentar fazendo alianças com o PMDB; e "a que nós representamos" de recompor a aliança com os movimentos sociais e com o povo. "Nós queremos do governo sinais concretos da aliança com o governo, que seriam apurar e penalizar custe a quem custar todos os envolvidos na corrupção, inclusive afastar os dois ministros que têm denúncias no Ministério Público Federal, o Meireles e o Jucá [do Banco Central, Henrique Meireles, e da Previdência Social, Romero Jucá >. Fazer uma reforma ministerial que sinalize para a sociedade o afastamento desses setores conservadores", reforçou Stédile.



Distorção



Gilson Reis, membro da direção executiva da Central Única dos Trabalhadores, destacou como o debate político sobre o governo e as alternativas para o país está reduzido à corrupção. Esse debate não interessa à esquerda, nem aos movimentos sociais, e sim à direita. "E diria mais especificamente, à uma fração da direita que tenta colocar como debate central o problema da corrupção e ao mesmo tempo articula uma nova política econômica que não é a que nós queremos".



Para o dirigente da CUT, os setores conservadores utilizam da denúncia da corrupção como estratégia política, para no mesmo momento, articular uma tentativa de aprofundar a política econômica tentando pressionar o governo. "Compreendemos que o governo Lula tem seus erros e acertos, mas compreendemos que hoje, dentro de um projeto de nação, de soberania e de desenvolvimento do país, não há forças políticas que vivam em torno do governo Lula que sejam capazes de conduzir esse país a uma outra alternativa que não é a dos tucanos e de setores rentistas vinculados ao capital financeiro do nosso país".



Dom Balduíno, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), complementou: "estamos cansados de ouvir a voz da maioria, como essa que retumbou em Brasília ontem, do tratoraço, que sempre dominou, que sempre governou, que sempre usufrui, que fez dívidas impagáveis, e que deixa para nós pagarmos".



Reforma política



"Nós achamos que a saída para a crise política e para os problemas que o país tem enfrentado por causa da política econômica e outros setores passa neste momento também por uma reforma política porque a crise instaurada agora é também muito por conta da estrutura política do nosso país", apontou Marcelo Gavião, presidente da União Brasileira de Estudantes (Ubes). Segundo o líder estudantil, o movimento tirou de maneira unificada a defesa de alguns pontos importantes da reforma política. Como por exemplo a questão do financiamento público exclusivo de campanha, a fidelidade partidária e a lista partidária.



Segundo Gavião, a proposta aprovada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados é uma proposta avançada em relação às anteriores. A proposta da CMS é que não haja cláusula de barreiras, mas essa proposta já reduz para 2%, quando a cláusula aprovada durante o governo FHC era de 5%.



Estiveram presentes na coletiva de imprensa de ontem Luzia de Oliveira (UBM), Marcelo Gavião (Ubes), Jordaci (Conan), Gilson Reis (CUT), Gustavo Petta (UNE), João Pedro Stédile (MST), Ailton Gilberto (CUT), Gisleyde Sosa (Oclae), Dom Tomáz Balduíno, da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Até a noite de ontem, cerca de 7 mil estudantes já tinham se credenciado para o Congresso da UNE. Segundo informações, o MST está mobilizando dois mil trabalhadores para participar da marcha, e a Conan mil. Durante o dia de hoje, devem chegar à Goiânia mais cinco mil jovens das mais diversas regiões do país para participar do Congresso.




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