sábado, 23 de maio de 2009

Gastar mais com o povo, menos com o Deus...





*Gilson Reis



O "deus mercado", assim tratado pelos santos e diabos do capitalismo contemporâneo, anda à soltas nos últimos dias. Andam ainda muito mais sedentos pelo dinheiro fácil, pelo ganho descomunal sugado do orçamento público, em detrimento da saúde, educação, segurança, reforma agrária, infra-estrutura da nação. Nação entendida na sua forma mais real: o povo brasileiro.


Os agiotas de plantão, depois de arquitetar e trabalhar pela derrota da CPMF no Senado Federal, em conluio com seus fantoches tucanos e democratas preparam um novo golpe. O ataque deferido contra o Sistema Único de Saúde no final de dezembro demonstrou, na prática, o nojo com que esta elite branca trata a grande maioria da população mais pobre do país. Todavia, para essa pequena parcela da sociedade, cerca de vinte mil famílias, é apenas o começo.



Utilizando-se da crise econômica que se desenvolve nos EUA, sua provável interferência na economia global e seus reflexos na economia do Brasil, trabalham diuturnamente para manter os superávits primários intocáveis, ou seja, um terço do orçamento público federal; retomar as pressões para realizar as reformas estruturais exigidas pelo "deus mercado" e atacar as políticas públicas de interesse popular. São inconfessáveis seus objetivos, são diabólicos seus métodos de preservar e manter seus ganhos financeiros, transformando o Estado, tudo e todos a serviço de seus interesses.



A tática de guerra, de contra ofensiva usada nos últimos dias, busca apagar da memória coletiva qualquer informação positiva do governo Federal e elevar exponencialmente matérias negativas. Utilizando todas as armas para acuar o governo. Para pessoas menos avisada, que leu jornais e revistas ou assistiu aos noticiários dos telejornais nos últimos dias, estes não serão informados que o Brasil cresceu mais de 5% do PIB em 2007; que criou o maior número de emprego dos últimos 28 anos, que a inflação ficou abaixo da meta estipulada; que o Brasil se tornou um país de extraordinário potencial energético renovável e não renovável. Ou seja, mesmo praticando todo o receituário liberal e de ortodoxia econômica o país avançou minimamente.


Entretanto, as notícias negativas são tratadas com se estivéssemos à beira de um colapso econômico e social. A febre amarela endêmica no Brasil transformou-se numa pandemia; a pouca chuva do início do verão e seu reflexo nos reservatórios levará incomensuravelmente o Brasil ao apagão; o pequeno aumento do IOF para recompor parte das perdas de receita provocada com o fim da CPMF e a "abusividade" da carga tributária patrocinada pelo irresponsável governo contra os mais pobres.



A estratégia é simples. Primeiro deve o "deus mercado" quer apagar da memória coletiva o ano de 2007. O Brasil obteve nesse ano pequenos avanços na economia, o esboço de uma política industrial, investimento em infra-estrutura, melhoria na questão salarial e emprego, melhoria nas contas públicas, entre outras e manter intocáveis seus ganhos financeiros no momento que avança a crise estadunidense.



Para conquistar seus objetivos, o "deus mercado" pressiona o governo para manter o ajuste fiscal na mesma órbita que esteve nos últimos treze anos, que fez render mais de um trilhão em ganhos com papéis da divida pública. Atacam os servidores públicos, transformando-os em inimigos número um do país. Qualquer aumento do custeio da máquina (salário) é um atentado contra o país conforme esses senhores. Contratar professores, médicos, policiais, engenheiros, técnicos, advogados, enfim trabalhador de qualquer área, que preste serviços à população mais pobre, será repudiado e crucificado. Por fim, não satisfeito o "deus mercado" propõe reformas estruturais.



1 – Tributária- com o objetivo de diminuir a carga tributária desonerando os mais ricos e dificultar o Estado a prestar serviços mínimos ao povo: saúde, educação, segurança.
2 – Previdenciária – com o objetivo de aumentar o tempo de trabalho, dificultar a aposentadoria, diminuir os valores pagos ao trabalhador aposentado e credenciar bancos e financeiras a atuar no mercado previdenciário.
3 – Trabalhista – com o objetivo de diminuir os direitos trabalhistas, aumentar a mais valia e, conseqüentemente, o lucro.



É no centro deste inferno capitalista e neoliberal que vivemos na atualidade. Deus, o todo poderoso, criador do céu e da terra foi transformado, em vão, no garoto propaganda dos seus algozes. O povo pobre e humilhado continua a sofrer com as chagas provocadas pela exclusão. O mercado que aparece como Deus é apenas mais uma das faces do coisa ruim.
Neste momento peço a Deus, mesmo desconfiando que Ele tenha tempo para escutar minha prece: Ilumine a mente dos que nos governam, diga-lhes, gaste mais com o povo e que vá para o inferno este diabo do mercado.

*Gilson Reis, Presidente do Sinpro - MG - Sindicato dos Professores e dirigente nacional da CSC.






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