sábado, 23 de maio de 2009

Aécio Neves: o perigo que vem de Minas

Escrito por Gilson Reis é presidente do Sindicato dos Professores de Minas Gerais
30/03/2007


O governador de Minas Gerais Aécio Neves postulante à sucessão do Presidente Lula, neto de Tancredo Neves, é do típico político que tenta esconder, a todo custo, o outro lado da sua face. De um lado, o bom moço, moderno, namorador, gestor publico ortodoxo, articulador político, hábil negociador, líder tucano de alta plumagem e por aí vai. Do outro, o político autoritário, perseguidor implacável dos movimentos sociais e da imprensa livre, privatista, homem do markentig político, neoconservador e envolvido em questões não muito confessáveis.

Ocorre que esse político de aparência elegante e jovem vai colocando as manguinhas de fora. No mês de março, a sua polícia assassinou trabalhadores rurais, mas não prendeu ladrões de bancos, dividiu a Copasa, para um futuro processo de privatização e viajou para a Colômbia para conhecer as técnicas utilizadas pelo presidente Álvaro Uribe para combater o "crime organizado".

A Colômbia, país que compõe o pacto andino, é hoje governado pelo único presidente que ainda

mantém relações com o governo Bush e a política belicista da Casa Branca. O plano Colômbia é a expressão e a materialização da política estadunidense para região. Somente nos últimos quatro anos, o governo americano injetou cinco bilhões de dólares para financiar o exército colombiano. Também enviou para o país um grande numero de militares para combater as guerrilhas de esquerda que há trinta anos operam na região das florestas colombianas.

A ajuda norte- americana ao governo conservador e autoritário de Uribe não se restringe ao dinheiro estatal, mas também ao de empresas privadas com sede nos Estados Unidos. Chiquita, uma das maiores empresas produtoras de bananas do mundo, com sede em Cincinnati, Estado de Ohio, EUA, opera na Colômbia, região de Urabá, sua principal base de produção agrícola.

Ocorre que a justiça americana denunciou, nos últimos dias, a empresa como financiadora do principal grupo paramilitar em operação na América Latina, (AUC) forças de autodefesa unidas da Colômbia.

Esse grupo paramilitar assassinou, na região de Urabá, nas ultimas décadas milhares de camponeses, sindicalistas, religiosos e líderes da esquerda colombiana. Durante muito tempo, grupos de direitos humanos denunciaram a fusão do estado colombiano com os assassinos ligados a AUC. O governo Álvaro Uribe, reeleito recentemente para um novo mandato, sempre negou qualquer relação com grupos paramilitares. Entretanto, nas últimas semanas, a máscara do presidente Uribe caiu. A Ministra de Relações Exteriores Maria Consuelo Araújo era um dos elos entre a AUC e o Governo. Outro personagem que aparece nos últimos dias é Jorge Noguera, coordenador da campanha eleitoral de Álvaro Uribe. Consuelo e Noguera são duas das centenas de personalidades políticas da Colômbia envolvidas na articulação do governo com os grupos paramilitares de extermino.

A Colômbia é, na América Latina, o ultimo país a realizar um governo de aproximação com George Bush, sendo na atualidade, o país que se contrapõe ao avanço de esquerda na América latina. O governo americano procura desestabilizar a região para justificar uma provável ocupação na Bolívia e Venezuela.


Mas qual a finalidade da viagem de Aécio Neves à Colômbia? Primeiro, sinaliza para o governo norte americano e para os financiadores internacionais que a política desenvolvida na Colômbia, em contraposição à esquerda Latina Americana, é melhor opção para a região. Neste sentido, o pré-candidato à Presidência da República Aécio Neves se apresenta como o opositor implacável da esquerda e dos movimentos sociais e adota uma posição clara de adesão às teses conservadoras de Bush / Uribe.

Segundo, crescem, no Brasil, as milícias privadas e grupos de extermínio, principalmente nas periferias das grandes cidades. A segurança pública em tempos de neoliberalismo e em Minas, no governo Aécio Neves, não é diferente; foi destruída, e a política de focalização segue a rotina de perseguição aos movimentos sociais e sindicais e um processo acelerado de privatização. A aliança do estado repressor com grupos paramilitares da maneira que ocorre na Colômbia não é nenhum modelo a ser seguido aqui ou em qualquer parte do mundo.

A viagem do governador à Colômbia, para conhecer o aparato repressor daquele país, sinaliza para Minas e o Brasil os verdadeiros objetivos políticos da sua visita a Medellín: construir, a partir do Brasil, a base de oposição à esquerda latino-americana e fundir o Estado com aparato repressor a grupos paramilitares, como forma de combater os movimentos sociais e os partidos de esquerda.

O movimento social, os sindicatos, os partidos políticos devem urgentemente desnudar o governo de Minas e mostrar à nação o perigo que representa a hipótese de eleger um presidente em 2010 com as características do atual governador.

Aécio Neves, um perigo para a nação, um perigo para a região.




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