Polícia Militar reprime manifestantes; para Gilson Reis, da CUT, Aécio Neves criminalizar movimentos sociais
24/05/2007
Joana Tavares,de Belo Horizonte (MG)
24/05/2007
Joana Tavares,de Belo Horizonte (MG)
As manifestações do dia 23 de maio em Minas Gerais foram marcadas pelo processo de unidade das forças de esquerda. A pauta foram protestos contra o modelo econômico e contra a retirada dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e contra a transposição do Rio São Francisco.
A jornada de lutas contou com a participação de centrais sindicais – CUT, Conlutas, Intersindical – movimento estudantil, pastorais sociais e movimentos do campo, como a Via Campesina. Foram realizadas manifestações, com atos públicos e bloqueio de rodovias, em Belo Horizonte, Pirapora, Ponte Nova, Governador Valadares, Três Corações, Juiz de Fora, Jequitinhonha, Contagem, Uberlândia, Montes Claros e Divinópolis.
Ato em BH
Professores da rede municipal em greve se encontraram com os outros manifestantes em frente à Prefeitura de Belo Horizonte. Mostrando com o próprio corpo que estavam em luta, os professores se deitaram no chão e denunciaram o sucateamento da educação e a perseguição ao sindicalismo promovido pela prefeitura municipal. Assim como os professores, decretaram greve no dia 23 de maio servidores de órgãos federais como o Incra e Ibama e os metroviários, que ficaram 48 horas paralisados.
Depois de passar pelo prédio da Receita Federal, a manifestação seguiu pela avenida João Pinheiro, rumo à Praça da Liberdade, onde fica a sede do Governo Estadual.
Repressão
Impedindo o acesso à praça, um aparato policial que contava com tropa de choque, cavalaria, dezenas de viaturas, homens armados e o "caveirinha", carro que atira bombas de gás. "Com essa atitude o governo Aécio Neves mostra sua farsa e o grau de repressão brutal que dedica ao povo, deixando claro seu temor aos movimentos populares", diz Sávio Gomes, do Instituto 25 de março.
Depois de meia hora de negociações, a passagem foi liberada. Os manifestantes – que chegaram a somar 3 mil pessoas – não puderam chegar até o Palácio da Liberdade, finalizando o ato em frente à Biblioteca Estadual. Gilson Reis, da coordenação da CUT, aponta que a reação do governo não é novidade para os movimentos, que estão sendo criminalizados no estado. Ele afirma que o objetivo com as manifestações foi alcançado, na medida em que simbolizou a unidade da esquerda em torno dos direitos: "Este foi o maior ato em Belo Horizonte nos últimos anos", diz.
Mesmo tendo seu foco na luta contra as reformas, outros movimentos somaram forças na mobilização, como o Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD). "Precisamos nos unir para organizar uma paralisação geral, pois se pararmos os braços da classe trabalhadora o sistema entra em colapso", afirma Diva Braga, do MTD. O morador de rua Claudionor Fernandes acompanhou a mobilização. "Esse governo não tá com nada. Não atende as reivindicações das pessoas que merecem, como os professores, e põe é polícia na rua. A manifestação foi pacífica e não foi ouvida", resume.
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