sábado, 23 de maio de 2009

Faculdades atrasam salários e professores ameaçam greve



Gilson Reis, presidente do Sinpro, diz que orienta que os professores não voltem ao trabalho até que tudo esteja acertado.







Cerca de 31 mil estudantes de MG podem ser afetados por paralisações


por Carolina Coutinho



O início do ano letivo começa em meio a um cenário de incertezas em pelo menos sete universidades particulares de Minas Gerais. A possibilidade de greve dos professores, que estão com salários atrasados, ronda essas instituições, podendo afetar cerca de 31 mil estudantes. De acordo com o presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro), Gilson Reis, cerca de 3.000 professores estão sem receber os vencimentos, inclusive o 13°. "Estamos orientando esses profissionais a não voltarem para a sala de aula se os pagamentos dos salários atrasados não forem feitos", afirma. As instituições irregulares, segundo o Sinpro, são o Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH), Universidade do Vale do Rio Doce (Unincor), Infórium, Izabela Hendrix, Faculdade Promove, Unipac e Centro Integrado de Moda (Cimo). No UNI-BH, alunos receberam comunicado informando o adiamento, em uma semana, do início das aulas. O sindicato informou que os docentes da instituição já teriam acertado a greve a partir de segunda-feira. Francisco José Fogaça, diretor-executivo da Fundação Cultural de Belo Horizonte (Fundac), mantenedora da faculdade, informou que, em outubro do ano passado, foi criada uma comissão para acompanhar o fluxo de caixa da instituição. Ficou acordado que 80% do valor seria utilizado para pagar vencimentos atrasados.




Outra medida seria a venda de um prédio em construção no bairro Buritis. Sobre a greve, Fogaça afirmou desconhecer o movimento e que as aulas começam normalmente. (Veja situação de todas as instituições citadas pelo Sinpro ao lado). O especialista em educação superior da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Abílio Baeta Neves, atribui o problema a uma série de fatores. Entre eles, o modo como se deu a expansão do ensino privado, com a abertura de instituições e o aumento acelerado no número de vagas. De acordo com Neves, a ampliação da concorrência padronizou e barateou o ensino e o processo pegou muitas instituições mais tradicionais desprevenidas, pois acirrou as faixas de mensalidade. "Há curso com mensalidades de R$ 200, mais baratos que no ensino médio e fundamental", afirma. A má gestão também seria outro fator que contribuiu para o quadro.




"Muitas têm um problema de descontrole na expansão, de investimentos paralelos sem retorno, que oneraram a base fundamental de financiamento, que é a cobrança de mensalidades", diz Neves. Ainda conforme o especialista, a crise econômica tende a piorar a situação. "De um modo geral, há uma retração da procura por ensino privado. Muitas universidades fazem mais de um vestibular para preencher as vagas." Ciente da falta de pagamento dos salários dos professores, o presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), Ulysses Panisset, afirma que as faculdades alegam muitos problemas de inadimplência por parte dos estudantes. "Sabemos como é difícil gerir as instituições. Nosso interesse é que haja entendimento", afirmou.






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