Consta que na transição de governo em 2010 Lula teria feito poucas sugestões de nomes para o ministério de Dilma. Ao contrário do que se pensa, preferia ouvir as ideias da atual presidente e a partir daí dar seus pitacos. O que não quer dizer que Lula não tenha sido um ator importante de muitas nomeações. E o que não quer dizer que em alguns casos ele não tenha praticamente vetado nomes.
Por Renato Rovai*
Mas numa área Lula insistiu para que Dilma tomasse muito cuidado, deixando claro que preferia que ela não mudasse os titulares. No ministério da Fazenda e na presidência do Banco Central. Lula achava que a dupla Mantega e Henrique Meirelles garantiam o equilíbrio necessário à equipe econômica.
Mas neste caso, Dilma teria batido o pé, afirmando que considerava necessário ousar um pouco mais para baixar a taxa de juro. E que sabia que com Meirelles à frente do BC isso seria impossível. Seu nome para o cargo era o de Alexandre Tombini.
Lula sentiu que Dilma estava convencida da operação e silenciou. Não sem deixar claro que faria diferente.
Quando em setembro do ano passado, o BC de Tombini anunciou o corte de 0,5% na taxa Selic houve uma grita impressionante contra a decisão. A turma que fala pelo mercado financeiro na mídia não teve a menor desfaçatez para desancá-lo e dizer que a medida era de alto risco e faria o país voltar ao ciclo inflacionário.
O Estadão, por exemplo, produziu um editorial que merece ser relido, cujo título era “O BC cede à pressão”.
E que terminava com a seguinte frase: “Ao dobrar a espinha do BC, a presidente Dilma Rousseff rejeitou uma das poucas heranças benditas da era Lula – a autonomia de fato da autoridade monetária, que o ex-presidente fez questão de prestigiar mesmo às vésperas de eleições importantes para seus projetos de permanência do PT no poder.”
Agora Dilma negociou com os bancos públicos a redução dos juros diretos ao consumidor. E cá pra nós, deve ter tido muito trabalho para convencer os “técnicos” desses bancos públicos de que isso precisava ser feito. E que eles teriam que fazer ou fazer…
E a grita voltou. Agora, a história é de que Dilma está pondo em risco o sistema financeiro nacional.
A verdade é que essa é a operação mais arriscada do seu governo. Ela está mexendo num vespeiro terrível. Se conseguir vencer essa parada, terá pavimentado o terreno para poder realizar um mandato em outro nível.
Dilma já conseguiu dar um chega para lá numa parte ultra-fisiológica da Câmara e do Senado, o que não quer dizer que ainda não precise deles. E que não esteja negociando com os tais. Mas do jeito que procedeu mostrou que não tem medo de cara feia.
E agora, está tentando enquadrar o sistema financeiro privado. O que não quer dizer que esteja disposta a estatizá-lo, por exemplo.
Esses seus movimentos, a despeito das críticas que tenho feito aqui a muitos setores do governo, mostram uma coragem diferenciada da presidenta. E merecem atenção.
*Renato Rovai é jornalista.
Por Renato Rovai*
Mas numa área Lula insistiu para que Dilma tomasse muito cuidado, deixando claro que preferia que ela não mudasse os titulares. No ministério da Fazenda e na presidência do Banco Central. Lula achava que a dupla Mantega e Henrique Meirelles garantiam o equilíbrio necessário à equipe econômica.
Mas neste caso, Dilma teria batido o pé, afirmando que considerava necessário ousar um pouco mais para baixar a taxa de juro. E que sabia que com Meirelles à frente do BC isso seria impossível. Seu nome para o cargo era o de Alexandre Tombini.
Lula sentiu que Dilma estava convencida da operação e silenciou. Não sem deixar claro que faria diferente.
Quando em setembro do ano passado, o BC de Tombini anunciou o corte de 0,5% na taxa Selic houve uma grita impressionante contra a decisão. A turma que fala pelo mercado financeiro na mídia não teve a menor desfaçatez para desancá-lo e dizer que a medida era de alto risco e faria o país voltar ao ciclo inflacionário.
O Estadão, por exemplo, produziu um editorial que merece ser relido, cujo título era “O BC cede à pressão”.
E que terminava com a seguinte frase: “Ao dobrar a espinha do BC, a presidente Dilma Rousseff rejeitou uma das poucas heranças benditas da era Lula – a autonomia de fato da autoridade monetária, que o ex-presidente fez questão de prestigiar mesmo às vésperas de eleições importantes para seus projetos de permanência do PT no poder.”
Agora Dilma negociou com os bancos públicos a redução dos juros diretos ao consumidor. E cá pra nós, deve ter tido muito trabalho para convencer os “técnicos” desses bancos públicos de que isso precisava ser feito. E que eles teriam que fazer ou fazer…
E a grita voltou. Agora, a história é de que Dilma está pondo em risco o sistema financeiro nacional.
A verdade é que essa é a operação mais arriscada do seu governo. Ela está mexendo num vespeiro terrível. Se conseguir vencer essa parada, terá pavimentado o terreno para poder realizar um mandato em outro nível.
Dilma já conseguiu dar um chega para lá numa parte ultra-fisiológica da Câmara e do Senado, o que não quer dizer que ainda não precise deles. E que não esteja negociando com os tais. Mas do jeito que procedeu mostrou que não tem medo de cara feia.
E agora, está tentando enquadrar o sistema financeiro privado. O que não quer dizer que esteja disposta a estatizá-lo, por exemplo.
Esses seus movimentos, a despeito das críticas que tenho feito aqui a muitos setores do governo, mostram uma coragem diferenciada da presidenta. E merecem atenção.
*Renato Rovai é jornalista.
Fonte: Blog do Rovai
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