Com uma solenidade marcada pela emoção, a presidente Dilma Rousseff empossou os sete membros da Comissão da Verdade, nesta quarta-feira (16), no Palácio do Planalto. Em companhia dos quatro ex-presidentes do período democrático, Dilma falou sobre o compromisso do país com a verdade da história, com o acesso da história verdadeira às novas gerações e principalmente com a consolidação da democracia no país, para que nunca mais fatos como esses voltem a acontecer.
Presidência da República
Dilma acompanhada dos ex-presidentes do período democrático.
A presidente Dilma chorou ao encerrar seu discurso, quando fez o convite a todos os brasileiros, "para que acreditemos que o Brasil não pode se furtar a conhecer a totalidade da sua história".
“A ignorância não pacifica, mantém latentes mágoas e rancores. A desinformação não ajuda a apaziguar, apenas facilita o trânsito da intolerância. A sombra e a mentira não são capazes de promover a concórdia. O Brasil merece a verdade, as novas gerações merecem a verdade e, sobretudo, merecem a verdade aqueles que perderam amigos e parentes e continuam sofrendo como se eles morressem de novo e sempre a cada dia”, disse a Presidente Dilma, arrancando aplausos demorados da plateia, enquanto se recompunha das lágrimas.
E, ainda com a voz embargada, ela concluiu dizendo que “Se existem filhos sem pais, pais sem túmulos e túmulos sem corpos, nunca pode existir uma história sem voz e quem dá voz a história são homens e mulheres livres, que não tem medo de escrevê-la. Galileu Galilei dizia que a verdade é filha do tempo e não da autoridade , eu acrescentaria a força pode esconder a verdade, a tirania pode impedi-la de circular livremente, o medo pode adiá-la, mas o tempo acaba por trazê-la à luz. Hoje esse tempo chegou”, afirmou a Presidente.
Após a assinatura da posse de todos os sete membros, o locutor declarou oficialmente instalada a Comissão da Verdade. O público aplaudiu de pé. Os integrantes são José Carlos Dias, Gilson Dipp, Rosa Maria Cardoso da Cunha, Claudio Fonteles, Paulo Sérgio Pinheiro, Maria Rita Kehl e José Paulo Cavalcanti Filho.
Força do “Nunca Mais”
José Carlos Dias, que falou em nome da Comissão da Verdade, admitiu que “a Comissão da Verdade no Brasil se instalou depois de muitos anos, mas a democracia que hoje desfrutamos foi resultado da eleição de três perseguidos políticos – um sociólogo, um operário e uma estudante”, citando os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Roussef e ignorando os outros dois ex-presidente presentes – José Sarney e Fernando Collor.
“Comprometemos perante a história que o nosso trabalho terá a força do Nunca Mais”, disse Dias, ao encerrar sua fala, em que destacou a importância de todo o trabalho já realizado pelos militantes de direitos humanos e familiares de vítimas da ditadura para o trabalho da Comissão, a começar pelo livro Tortura Nunca Mais.
“Muitos outros trabalhos elaborados vão contribuir para o desenvolvimento da nossa missão”, disse, acrescentando que “a Comissão de Anistia, sem caráter de revanchismo ou apedrejamento, deve revelar a história, com os olhos projetados para o futuro, na esperança que a democracia brasileira jamais volte a ser violentada”.
Ele disse ainda que a Comissão da Verdade deve desvendar os dados de cruezas e brutalidades tal como se deram - as mortes, torturas e desaparecimentos, na maioria de jovens que como a Senhora Presidente, que contestaram a ditadura. “E que não se justifica os atos praticados pelos dirigentes estatais, por que o poder do Estado só deve se estabelecer na forma do direito”, explicou.
Contribuição de todos
A Presidente Dilma, ao contrário de José Carlos Dias, fez questão de destacar a contribuições de todos os ex-presidentes, citando inclusive Tancredo Neves e Itamar Franco. E iniciou sua fala, citando o Senhor Diretas: Ulisses Guimarães, que dizia “a verdade não desaparece quando é eliminada a opinião dos que divergem”.
“Nas sombras fomos privados da verdade, mas não é justo que vivamos apartados dela a luz do dia. Na democracia, a verdade, a memória e a história devem vir à superfície e se tornem conhecida sobretudo pelas novas gerações”, afirmou a Presidente.
E continuou: “A nação vem trilhando o caminho da democracia , mas tem encontro marcado consigo mesmo. Essa é uma iniciativa do estado Brasileiro e não de governo. Por isso, me alegra estar acompanhada por todos os presidentes que me antecederam nesses 28 benditos anos de regime democrático”. Nesse momento, a Presidente foi interrompida pelos aplausos, como ocorreu muitas outras vezes durante o seu discurso.
“Cada um de nós aqui presente é igualmente responsável por esse momento histórico de celebração. Cada um de nós deu a sua contribuição para esse marco civilizatório à Comissão da Verdade. Esse é o ponto culminante iniciado nas luta do povo brasileiro, pela liberdade, pela anistia, eleições diretas, constituinte, estabilidade econômica e crescimento com inclusão social. Construído passo a passo por cada um dos governos eleitos após a redemocratização”, analisou.
Sem ódios ou revanchismo
A Presidente Dilma disser ainda que “escolhi um grupo plural de cidadãs, sensatos e ponderados, preocupados com a justiça e o equilíbrio e capazes de entender a dimensão do trabalho que vão executar, sem interferências do governo, mas com todo o apoio que necessitarem”.
“Da mesma maneira que enalteço e homenageio todos os que lutaram bravamente contra os atos de truculência do Estado, reconheço pactos políticos que nos levaram a redemocratização”, afirmou a Presidente Dilma, em seu discurso, onde destacou ainda que “não nos move o revanchismo, o ódio ou o desejo de rescrever a história de modo diferente, mas conhecê-la sem ocultamentos, sem camuflagens, sem veto e sem proibições”.
Américo Inacalcaterra, representante regional do Alto Comissionado de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), foi o primeiro a falar na solenidade. Ele ofereceu apoio para o trabalho da Comissão da Verdade e lembrou que esse trabalho vai ajudar na reconciliação do Brasil com o seu passado e consolidar a democracia no país.
De Brasília
Márcia Xavier
“A ignorância não pacifica, mantém latentes mágoas e rancores. A desinformação não ajuda a apaziguar, apenas facilita o trânsito da intolerância. A sombra e a mentira não são capazes de promover a concórdia. O Brasil merece a verdade, as novas gerações merecem a verdade e, sobretudo, merecem a verdade aqueles que perderam amigos e parentes e continuam sofrendo como se eles morressem de novo e sempre a cada dia”, disse a Presidente Dilma, arrancando aplausos demorados da plateia, enquanto se recompunha das lágrimas.
E, ainda com a voz embargada, ela concluiu dizendo que “Se existem filhos sem pais, pais sem túmulos e túmulos sem corpos, nunca pode existir uma história sem voz e quem dá voz a história são homens e mulheres livres, que não tem medo de escrevê-la. Galileu Galilei dizia que a verdade é filha do tempo e não da autoridade , eu acrescentaria a força pode esconder a verdade, a tirania pode impedi-la de circular livremente, o medo pode adiá-la, mas o tempo acaba por trazê-la à luz. Hoje esse tempo chegou”, afirmou a Presidente.
Após a assinatura da posse de todos os sete membros, o locutor declarou oficialmente instalada a Comissão da Verdade. O público aplaudiu de pé. Os integrantes são José Carlos Dias, Gilson Dipp, Rosa Maria Cardoso da Cunha, Claudio Fonteles, Paulo Sérgio Pinheiro, Maria Rita Kehl e José Paulo Cavalcanti Filho.
Força do “Nunca Mais”
José Carlos Dias, que falou em nome da Comissão da Verdade, admitiu que “a Comissão da Verdade no Brasil se instalou depois de muitos anos, mas a democracia que hoje desfrutamos foi resultado da eleição de três perseguidos políticos – um sociólogo, um operário e uma estudante”, citando os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Roussef e ignorando os outros dois ex-presidente presentes – José Sarney e Fernando Collor.
“Comprometemos perante a história que o nosso trabalho terá a força do Nunca Mais”, disse Dias, ao encerrar sua fala, em que destacou a importância de todo o trabalho já realizado pelos militantes de direitos humanos e familiares de vítimas da ditadura para o trabalho da Comissão, a começar pelo livro Tortura Nunca Mais.
“Muitos outros trabalhos elaborados vão contribuir para o desenvolvimento da nossa missão”, disse, acrescentando que “a Comissão de Anistia, sem caráter de revanchismo ou apedrejamento, deve revelar a história, com os olhos projetados para o futuro, na esperança que a democracia brasileira jamais volte a ser violentada”.
Ele disse ainda que a Comissão da Verdade deve desvendar os dados de cruezas e brutalidades tal como se deram - as mortes, torturas e desaparecimentos, na maioria de jovens que como a Senhora Presidente, que contestaram a ditadura. “E que não se justifica os atos praticados pelos dirigentes estatais, por que o poder do Estado só deve se estabelecer na forma do direito”, explicou.
Contribuição de todos
A Presidente Dilma, ao contrário de José Carlos Dias, fez questão de destacar a contribuições de todos os ex-presidentes, citando inclusive Tancredo Neves e Itamar Franco. E iniciou sua fala, citando o Senhor Diretas: Ulisses Guimarães, que dizia “a verdade não desaparece quando é eliminada a opinião dos que divergem”.
“Nas sombras fomos privados da verdade, mas não é justo que vivamos apartados dela a luz do dia. Na democracia, a verdade, a memória e a história devem vir à superfície e se tornem conhecida sobretudo pelas novas gerações”, afirmou a Presidente.
E continuou: “A nação vem trilhando o caminho da democracia , mas tem encontro marcado consigo mesmo. Essa é uma iniciativa do estado Brasileiro e não de governo. Por isso, me alegra estar acompanhada por todos os presidentes que me antecederam nesses 28 benditos anos de regime democrático”. Nesse momento, a Presidente foi interrompida pelos aplausos, como ocorreu muitas outras vezes durante o seu discurso.
“Cada um de nós aqui presente é igualmente responsável por esse momento histórico de celebração. Cada um de nós deu a sua contribuição para esse marco civilizatório à Comissão da Verdade. Esse é o ponto culminante iniciado nas luta do povo brasileiro, pela liberdade, pela anistia, eleições diretas, constituinte, estabilidade econômica e crescimento com inclusão social. Construído passo a passo por cada um dos governos eleitos após a redemocratização”, analisou.
Sem ódios ou revanchismo
A Presidente Dilma disser ainda que “escolhi um grupo plural de cidadãs, sensatos e ponderados, preocupados com a justiça e o equilíbrio e capazes de entender a dimensão do trabalho que vão executar, sem interferências do governo, mas com todo o apoio que necessitarem”.
“Da mesma maneira que enalteço e homenageio todos os que lutaram bravamente contra os atos de truculência do Estado, reconheço pactos políticos que nos levaram a redemocratização”, afirmou a Presidente Dilma, em seu discurso, onde destacou ainda que “não nos move o revanchismo, o ódio ou o desejo de rescrever a história de modo diferente, mas conhecê-la sem ocultamentos, sem camuflagens, sem veto e sem proibições”.
Américo Inacalcaterra, representante regional do Alto Comissionado de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), foi o primeiro a falar na solenidade. Ele ofereceu apoio para o trabalho da Comissão da Verdade e lembrou que esse trabalho vai ajudar na reconciliação do Brasil com o seu passado e consolidar a democracia no país.
De Brasília
Márcia Xavier
Fonte: Portal Vermelho
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