quinta-feira, 21 de junho de 2012

Compur ignorou risco a águas



Membros do Conselho Municipal de Política Urbana (Compur) de Belo Horizonte ignoraram indícios de que as intervenções para a construção de dois hotéis a 1,5 km da orla da Pampulha poderiam comprometer toda a bacia da lagoa. A constatação do risco foi feita por meio de um parecer dado por técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, em junho de 2011, nove meses antes da liberação da obra pelos conselheiros. Mesmo assim, as obras foram autorizadas.
Os funcionários da secretaria fizeram a vistoria depois de uma denúncia de moradores. Com a constatação de risco ao lençol freático, o procedimento correto seria uma nova vistoria, do Instituto Mineiro de Gestão de Águas (Igam) para que providências pudessem ser tomadas.

A assessoria da prefeitura afirma que fez a solicitação ao Igam e que o secretário Municipal de Desenvolvimento, Marcello Faulhaber, assim como o secretário da Regional Pampulha, Osmando Pereira, membros do Compur, sabiam dos riscos. Mas, como não havia comprovação do problema, eles não tomaram nenhuma atitude.

"Eles sabiam e votaram a favor das obras sem faze nada à respeito", afirmou o vereador Iran Barbosa (PMDB), que denunciou o problema. A assessoria do Igam nega que a prefeitura tenha requisitado qualquer vistoria para confirmar os riscos ao lençol freático da Pampulha, área de preservação e um dos cartões postais da capital.

O laudo técnico obtido por O TEMPO atesta que a terraplenagem realizada pelo Bristol Hotel para o início das obras expôs o lençol freático da região. Além disso, o documento mostra que houve um "afloramento do lençol", ou seja, parte da água da bacia subterrânea da região começou a jorrar no terreno - a água seria utilizada na obra.

Riscos. A erente de Recursos Hídricos da prefeitura, Sônia Knauer, disse que não há qualquer prejuízo ao meio ambiente. Mas especialistas ouvidos pela reportagem contestam a posição. Antônio Ferreira, professor especialista em recursos hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), afirmou que o problema pode atrapalhar os recursos do local. "As águas subterrâneas estão sendo desviadas e isso pode prejudicar toda a bacia da região", disse.

A opinião é compartilhada por Ricardo Mota, ambientalista e também professor da UFMG. Segundo ele, todas essas intervenções podem acabar diminuindo o volume da água subterrânea na região, que alimenta a lagoa da Pampulha.

O presidente da rede Bristol, José Adalto, garantiu que a construção está dentro das normas ambientais da capital. Nenhum representante da Brisa Empreendimentos Imobiliários, responsável pelo segundo hotel, foi encontrado para falar sobre o assunto. Eles ainda não começaram a terraplenagem.

Matéria do Jornal O Tempo.

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