sexta-feira, 2 de março de 2012

Vila São José
Carroceiros exigem baias e local para descarregar entulhos


Os carroceiros da Vila São José, localizada na região Noroeste de Belo Horizonte, defendem a instalação de uma Unidade de Recebimento de Pequenos Volumes (URPV), na região. Os trabalhadores também querem um local definitivo para guardar os cavalos à noite. A estrutura destinada aos carroceiros está prevista no projeto de desapropriação da Vila, mas, até hoje, não saiu do papel .

“Nós queremos a construção da URPv e também a destinação de um local para os cavalos. Somos quase 60 pessoas, a maioria de nós já é cadastrada. Já participamos de uma reunião com representantes da Prefeitura e nos prometeram que iam colocar algumas caçambas provisórias até que ficasse pronto o URPV. As caçambas foram colocadas, mas, pouco tempo depois foram retiradas sem nenhuma comunicação. Após a nossa manifestação, as caçambas foram trazidas novamente, mas, isso não resolve o problema”, afirma Rosangela Dutra, liderança dos carroceiros.

Moradores denunciam que, aproveitando a situação mal resolvida, muitos caminhões e carros particulares têm despejado lixo no lugar. Os carroceiros alegam que não têm outro lugar para colocar os entulhos e o problema acaba caindo sobre eles.

O carroceiro Cláudio Piagentino de Paula relata que os trabalhadores, com apoio da população local, já fizeram manifestações e passeatas para pressionar a Prefeitura a resolver o problema. “A situação está difícil. Não temos lugar para jogar o lixo. Neste momento, estamos jogando aqui nesse ponto. Mas, tem muitas outras empresas e pessoas fazendo a mesma coisa. Sabemos que não está certo, pois está muito perto das casas e apartamentos. No entanto, precisamos trabalhar. A prefeitura não nos procurou e a sociedade também não demonstrou apoio. Procuramos a imprensa, mas, também não nos ouviram”, reclama o carroceiro.

De acordo com o secretário-adjunto da Regional Noroeste, Nildo Taroni, existem 32 Unidades de Recebimento de Pequenos Volumes (URPVs), na cidade. Essas instalações recebem, gratuitamente, até dois metros cúbicos de materiais (o equivalente ao volume comportado por uma carroça). Ele alega que fechou o posto de coleta na Avenida João XXIII por se tratar de um terreno particular, pois o dono pediu a saída. Ele afirmou que a construção de uma nova unidade já está prevista, sem falar em datas.

Salatiel Teodoro Dias, carroceiro, explica que o local para depositar o lixo foi escolhido pela própria Prefeitura, quando colocou algumas caçambas para depósito de lixo. Visando a atender apenas aos carroceiros. Era uma medida provisória, com a promessa de fazer um bota-fora. Como estamos em via pública, outras pessoas começaram a usar as caçambas. “Nós queremos saber o que vai acontecer. A prefeitura decidiu recolher o lixo e os funcionários que trabalham no local alegam que o lugar não será mais destinado aos entulhos. Nós queremos que a Prefeitura cumpra o prometido”, ressalta o trabalhador.

A população do bairro São José passa por uma fase de transformação em suas vidas. Com a desapropriação das casas e a construção dos prédios, os moradores vivem momentos de adaptação às novas moradias. Mas, de acordo com representantes locais, algumas questões ainda precisam ser resolvidas pela Prefeitura, para que eles tenham mais qualidade de vida. O depósito de lixo criado no meio de uma das principais avenidas do bairro, em frente aos prédios novos, é um dos problemas. Opções de lazer para as crianças e idosos, saneamento básico de qualidade e transporte adequado são alguns outros pontos que precisam melhorar.

“Estou satisfeita com a mudança para os prédios. É um lugar melhor para viver. Nós vivíamos à beira de um córrego, com risco de enchentes e de doenças. Era um mau cheiro terrível, isso nos prejudicava muito. É claro que alguns reclamam do tamanho dos apartamentos, que não dá para criar animais, entre outras coisas”, comenta a moradora Mara Lúcia Vieira do Amaral.

Segundo ela, a questão do lixo é encarada como um problema, mas, a comunidade reconhece que a culpa não é dos carroceiros. “Eles precisam trabalhar para sustentar suas famílias e sem estrutura não vão conseguir. Isso é obrigação da Prefeitura. As pessoas aproveitam da situação e estão jogando tudo quanto é tipo de lixo aqui. Até animais mortos são despejados. Essas consequêcias nós já sofríamos dentro da vila. Não dá para continuar desse jeito”, reforça. .

Mara Lúcia lembra que é preciso melhorar muita coisa, como a construção de áreas de lazer para os moradores, principalmente as crianças. “Nós viemos pra cá para ter mais qualidade de vida. A Prefeitura prometeu fazer um centro de esportes, mas, as obras foram paralisadas. Penso que a única saída é a mobilização. Nós precisamos fazer alguma coisa para exigir do poder público uma solução urgente para as nossas reivindicações”, enfatiza.

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