quinta-feira, 11 de março de 2010

Agora é Minas

O debate em torno da sucessão presidencial que ocorrerá no último trimestre ganhará a cada dia contornos e discussões imponderáveis. O que chama a atenção dos eleitores nestes últimos dias é a disputa travada entre dois importantes estados da Federação: Minas e São Paulo. Os dois estados disputam historicamente espaço de poder na República.

Esta disputa deverá aumentar a cada dia, até decidir quem será alçado à condição de representante máximo da Federação brasileira, na condução do país nos próximos quatro anos.

É do conhecimento de todo o país a maneira truculenta como a elite paulista e políticos desta elite tratam o resto do povo brasileiro. Olham os demais estados da federação com discriminação e soberba. A burguesia paulista situada na avenida de mesmo nome, pensa que o Brasil, os brasileiros, os estados são reféns do seu poderio econômico e financeiro. Pensam que somente existirá país se um deles estiver no comando. É importante lembrar que nos últimos anos São Paulo nos impôs Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Geraldo Alckmin e neste ano, novamente José Serra.

Todavia, a história brasileira é repleta de exemplos em que os mineiros deram lições políticas profundas e marcantes ao liberal conservadorismo paulista.

Entre 1707 a 1709, uma articulação de mineiros, portugueses e índios - os Emboabas, também conhecidos como os pássaros de pés emplumados -- impuseram uma grande derrota aos bandeirantes nas Montanhas da Capitania de São Vicente, hoje Minas Gerais. Desde a corrida do ouro, os paulistas queriam dominar as riquezas do povo mineiro. A guerra entre os forasteiros e os mineiros durou dois anos. A última batalha, a derradeira, recebeu o nome Capão da traição. A operação foi comandada pelo capitão Bento, que decretou a morte de 300 paulistas capturados em uma batalha. Com esse episódio, e a expulsão dos bandeirantes, o que restou aos paulistas foi o sertão de Goiás e Mato Grosso.

No século XX, foram muitas as vezes em que mineiros e paulistas estiveram em lados opostos, principalmente quando a soberba crescia pelas bandas do rio Tietê. Durante quarenta anos, mineiros e paulistas estiveram à frente do governo da República. A política do café com leite percorrreu toda a república velha. Hermes da Fonseca e Epitácio Pessoa foram as duas únicas exceções desse processo, no entanto, sob a custódia e tutela do Estado de Minas e São Paulo. Esse acordo político rompeu-se quando os paulistas tentaram impor a Minas Gerais dois governos seguidos vinculados ao Estado de São Paulo: Washington Luís e Júlio Prestes.

Rapidamente, Minas Gerais articulou com o gaúcho Getúlio Vargas e destituiu o presidente paulista Júlio Prestes.Em 1932, novamente Minas Gerais deu o rumo à política nacional. Com a posse de Getúlio Vargas, o estado mineiro foi o único do país que não teve interventor. Com a aproximação dos mineiros com o governo positivista de Getúlio Vargas, a elite paulista ficou isolada e sofreu as conseqüências da crise de 29 culminando, assim, na guerra de 9 de julho contra o governo central. O movimento ficou conhecido pela história como revolução constitucionalista de 32. Diante desse quadro, o estado de Minas unificou forças com o Rio Grande do Sul e derrotou novamente a elite paulista. O MMDC virou símbolo de um capítulo humilhante para a elite de São Paulo.

O confronto entre mineiros e paulistas se repetiu em outro momento de grande relevância para a história do país. Após vinte anos de ditadura militar, o povo brasileiro foi às ruas e exigiu as “Diretas já!”. Entre um comício e outro que mobilizou centenas de milhares de pessoas, setores do Exército e da elite paulistana articulou uma eleição pelo famigerado colégio eleitoral. No entanto, ao ser definido que a transição da ditadura à democracia se daria pela via indireta, surgiu novamente um grande mineiro, Tancredo de Almeida Neves em oposição ao liberal conservador Paulo Maluf.

Poderia trazer para as páginas deste artigo outros exemplos envolvendo a luta política que travou disputas históricas entre mineiros e paulistas. Contudo, os exemplos servem apenas para construir uma convicção inabalável da necessidade de manter o país longe da prepotência e arrogância da elite paulistana. É necessário afirmar que o Brasil governado nos últimos sete anos pelo pernambucano Luiz Inácio Lula da Silva precisa continuar no leito do desenvolvimento, no leito do São Francisco, o rio da integração nacional. Para manter esse rumo histórico, novamente Minas Gerais foi convocada para oferecer ao país uma candidatura capaz de manter e avançar a atual política desenvolvida no Brasil.

Para tanto, é preciso reafirmar o papel de Minas Gerais e dos mineiros em momentos de grandes embates na vida nacional. É preciso reafirmar a aliança de Minas com o Brasil. Brasil de todos os sotaques, de todos os sons, de todas as cores, de todos os sonhos. Derrotar a elite tucana paulista é uma necessidade histórica. É nesse momento de decisão que precisamos dizer em alto e bom som. Para Presidente do Brasil, a mineira Dilma Rousseff!

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