O Ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, iniciou sua carreira como advogado trabalhista. Em agosto de 1981, participou da 1ª Conclat (Conferência Nacional da Classe Trabalhadora), na Praia Grande. O Ministro avalia o significado histórico da nova Conclat, convocada pelas centrais sindicais para o dia 1º de junho de 2010. Ele também comenta a disputa com o companheiro de partido e ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, para ser candidato a governador de Minas Gerais. A entrevista foi concedida à jornalista da CTB Minas, Verônica Pimenta.
CTB: Que lembranças o senhor guarda da 1ª Conclat?
Patrus: Uma lembrança muito enternecida. Eram mais de 5 mil trabalhadores presentes, num local que ainda estava em construção. Uma coisa que marcou muito é que nesse encontro foi anunciada a morte do cineasta Glauber Rocha. E quando foi anunciada a morte dele, eu vi 5 mil trabalhadores, de todos os cantos do País, se levantarem e aplaudirem sua memória. Isso mostrou que os trabalhadores também gostam e identificam os grandes artistas e as pessoas que promoveram e promovem a cultura no Brasil. Eu me lembro também a emoção que fiquei, quando conversei com trabalhadores do Acre, que vieram de ônibus do seu estado para São Paulo, em viagem de 3 ou 4 dias. Pessoas que vieram da Amazônia, viajando de barco, até pegarem o ônibus. Então, foi um momento inesquecível, sobretudo porque nós ficamos num quarto, com 5 ou 6 pessoas. Todos nós dormimos no chão. Era o início da retomada do movimento sindical no Brasil...
CTB: O senhor já conhecia o presidente Lula pessoalmente?
Patrus: Eu fiquei conhecendo mais exatamente nesse encontro ... aliás, eu já conhecia... O PT foi fundado em 1980, mas nesse encontro, eu fui como advogado sindical, e fiquei como consultor de outro advogado, o tempo todo à disposição dele.
CTB: Aquele era um processo em que a proposta era justamente a unidade sindical, e ela não foi possível...
Patrus: São os caminhos, o importante é a democracia. As coisas vão se consolidando.
CTB: Os trabalhadores perderam com isso?
Patrus: Eu fui informado pelo presidente da CUT (Arthur Henrique) que as centrais sindicais vão, unidas, entregar uma proposta para todos os candidatos à presidência da República. Eu sempre defendi e vi com bons olhos a unidade da classe trabalhadora. Participei da construção da CUT, mas penso que o fundamental é também a liberdade. Se outros sindicatos querem se organizar em outras centrais, o importante é sempre manter o diálogo, discutir sempre os melhores caminhos para os trabalhadores, no contexto mais amplo da sociedade mineira e brasileira.
CTB: Naquele momento, a unidade sindical significava uma central única. Hoje, isso não é possível. O que é esta unidade, já que foi convocada uma nova Conclat para o dia 1º de junho?
Patrus: Está havendo a unidade em torno de alguns princípios, o que eu acho muito saudável. Por exemplo, a luta pela redução da jornada de trabalho para 40 horas. Eu considero essa luta importante, porque gera mais empregos, abre mais possibilidades para os trabalhadores, possibilita que eles tenham mais tempo para suas famílias, para uma vida mais digna, sua capacitação profissional, sua formação. Essa luta das 40 horas unifica as Centrais, assim como a discussão dos índices de produtividade, ligada à questão da função social da propriedade. Outros temas tem sido discutidos e unificadores para as diversas Centrais Sindicais.
CTB: E também comprometem os candidatos a presidente...
Patrus: Sim, pois são lutas que também mobilizam toda a sociedade brasileira. Quando as centrais sindicais, os sindicatos, assim como os empresários, procuram os candidatos, levando propostas concretas, e discutem com eles, é claro que isso é muito importante. Quanto mais as pessoas participam do processo político e democrático, melhor. Melhor ainda quando participam de forma organizada, através de entidades representativas, seja dos trabalhadores, dos empresários, ou dos movimentos sociais.
CTB: Certa vez, alguém me disse que na política existe fila, e nós temos que respeitá-la. O senhor fica chateado porque o Fernando Pimentel tenha tentado “furar a fila”, lançando o seu nome a governador de Minas?
Patrus: Não, não acho que na política tenha fila, sinceramente. Acho que tem o momento. Os velhos sábios do antigo PSD (Partido Social Democrático) - do qual fazia parte o nosso grande governador e presidente, Juscelino Kubsticheck - eles diziam que a melhor solução na política é a solução natural. Então, nós estamos ouvindo. Acho que é importante ouvir as bases, a sociedade. Eu penso que sociedade vai indicando claramente suas expectativas. Eu acho que a melhor solução na política é aquela que atende às necessidades da sociedade, em cada momento histórico.
CTB: Que lembranças o senhor guarda da 1ª Conclat?
Patrus: Uma lembrança muito enternecida. Eram mais de 5 mil trabalhadores presentes, num local que ainda estava em construção. Uma coisa que marcou muito é que nesse encontro foi anunciada a morte do cineasta Glauber Rocha. E quando foi anunciada a morte dele, eu vi 5 mil trabalhadores, de todos os cantos do País, se levantarem e aplaudirem sua memória. Isso mostrou que os trabalhadores também gostam e identificam os grandes artistas e as pessoas que promoveram e promovem a cultura no Brasil. Eu me lembro também a emoção que fiquei, quando conversei com trabalhadores do Acre, que vieram de ônibus do seu estado para São Paulo, em viagem de 3 ou 4 dias. Pessoas que vieram da Amazônia, viajando de barco, até pegarem o ônibus. Então, foi um momento inesquecível, sobretudo porque nós ficamos num quarto, com 5 ou 6 pessoas. Todos nós dormimos no chão. Era o início da retomada do movimento sindical no Brasil...
CTB: O senhor já conhecia o presidente Lula pessoalmente?
Patrus: Eu fiquei conhecendo mais exatamente nesse encontro ... aliás, eu já conhecia... O PT foi fundado em 1980, mas nesse encontro, eu fui como advogado sindical, e fiquei como consultor de outro advogado, o tempo todo à disposição dele.
CTB: Aquele era um processo em que a proposta era justamente a unidade sindical, e ela não foi possível...
Patrus: São os caminhos, o importante é a democracia. As coisas vão se consolidando.
CTB: Os trabalhadores perderam com isso?
Patrus: Eu fui informado pelo presidente da CUT (Arthur Henrique) que as centrais sindicais vão, unidas, entregar uma proposta para todos os candidatos à presidência da República. Eu sempre defendi e vi com bons olhos a unidade da classe trabalhadora. Participei da construção da CUT, mas penso que o fundamental é também a liberdade. Se outros sindicatos querem se organizar em outras centrais, o importante é sempre manter o diálogo, discutir sempre os melhores caminhos para os trabalhadores, no contexto mais amplo da sociedade mineira e brasileira.
CTB: Naquele momento, a unidade sindical significava uma central única. Hoje, isso não é possível. O que é esta unidade, já que foi convocada uma nova Conclat para o dia 1º de junho?
Patrus: Está havendo a unidade em torno de alguns princípios, o que eu acho muito saudável. Por exemplo, a luta pela redução da jornada de trabalho para 40 horas. Eu considero essa luta importante, porque gera mais empregos, abre mais possibilidades para os trabalhadores, possibilita que eles tenham mais tempo para suas famílias, para uma vida mais digna, sua capacitação profissional, sua formação. Essa luta das 40 horas unifica as Centrais, assim como a discussão dos índices de produtividade, ligada à questão da função social da propriedade. Outros temas tem sido discutidos e unificadores para as diversas Centrais Sindicais.
CTB: E também comprometem os candidatos a presidente...
Patrus: Sim, pois são lutas que também mobilizam toda a sociedade brasileira. Quando as centrais sindicais, os sindicatos, assim como os empresários, procuram os candidatos, levando propostas concretas, e discutem com eles, é claro que isso é muito importante. Quanto mais as pessoas participam do processo político e democrático, melhor. Melhor ainda quando participam de forma organizada, através de entidades representativas, seja dos trabalhadores, dos empresários, ou dos movimentos sociais.
CTB: Certa vez, alguém me disse que na política existe fila, e nós temos que respeitá-la. O senhor fica chateado porque o Fernando Pimentel tenha tentado “furar a fila”, lançando o seu nome a governador de Minas?
Patrus: Não, não acho que na política tenha fila, sinceramente. Acho que tem o momento. Os velhos sábios do antigo PSD (Partido Social Democrático) - do qual fazia parte o nosso grande governador e presidente, Juscelino Kubsticheck - eles diziam que a melhor solução na política é a solução natural. Então, nós estamos ouvindo. Acho que é importante ouvir as bases, a sociedade. Eu penso que sociedade vai indicando claramente suas expectativas. Eu acho que a melhor solução na política é aquela que atende às necessidades da sociedade, em cada momento histórico.